“Impeachment não é uma panaceia”, afirma Simão Jatene
Para o governador, tirar Dilma não é o remédio para todos os males do País
A discussão em torno da defesa do impeachment da presidente Dilma
Rousseff (PT) vem dividindo correligionários do maior partido de
oposição, o PSDB. Na mesma linha de cautela pregada recentemente pelo
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador do Pará, Simão
Jatene (PSDB), disse em entrevista exclusiva ao Broadcast Político,
serviço em tempo real da Agência Estado, que a despeito do momento
crítico que o País atravessa, o impeachment não é uma panaceia, numa
referência à deusa da cura, na mitologia grega, que tinha um único
remédio para todos os males.
“Não dá para imaginar, no cenário que o Brasil está vivendo, o
impeachment como panaceia”, disse Jatene, destacando que as discussões
sobre o tema ainda estão sendo feitas na direção de que se houver o
impedimento de Dilma, todos os problemas do País serão resolvidos. “E
não é bem assim”, advertiu.
Apesar da avaliação, Jatene disse que seus correligionários e aliados
que defendem a tese do impeachment no Congresso estão no papel deles,
de tentar identificar os objetos juridicamente sustentáveis para
caminhar na direção de um embasamento de um eventual pedido de
impeachment. “Este é o papel dos parlamentares”. Contudo, reitera que ao
se pensar de forma mais global, a postura é aquela defendida pelo
ex-presidente FHC. “O Brasil vive um momento crítico, fruto de muita
bobagem feita nos últimos tempos (pela gestão petista), mas não será num
estalar de dedos que se vai conseguir superar tudo isso. E eu entendo a
preocupação de FHC, que é a minha também. Num cenário como o atual,
acho importante não imaginar que existe um remédio único, uma panaceia,
isso pode terminar levando a uma frustração posterior e a mais
complicações.”
Para o governador do Pará, um dos problemas mais graves que o País
enfrenta hoje é a perda de representatividade geral dos partidos. “E
isso é uma coisa grave no sistema democrático”. Jatene destaca que as
instituições estão vulneráveis, marcadas por fatos que levam a sociedade
a ter uma grande desconfiança de tudo. “Hoje caminhamos quase que na
anomia, com a perda completa de equilíbrio entre direito e dever, onde
ninguém tem compromisso com coisa nenhuma.”
Neste cenário, o tucano ressalta que a aliança que sustenta o atual
governo federal, falando sobretudo de PT e PMDB, é insuficiente para
garantir a governabilidade do País. “Ela (aliança) não é insuficiente no
quesito numérico no Congresso, mas insuficiente no sentido de
representar a sociedade, no sentido de ter a confiança da Nação, essa é a
coisa mais séria.” Por essa razão, é preciso que a nação perceba o
grande desafio que está posto e perceba que é maior do que qualquer
partido ou liderança política. “Nenhum partido ou aliança, por maior que
seja, representa a realidade do Brasil como um todo”, reitera.
Na sua avaliação, a saída para sair “da brutal crise econômica,
fiscal, financeira e de valores que o País enfrenta” estaria numa
concertação geral. “Seria necessário que as pessoas usassem as palavras
para revelar suas intenções e não para escondê-las”, disse, fazendo coro
ao seu partido que acusa a presidente Dilma de ter mentido na campanha
presidencial, dizendo que a oposição traria um receituário amargo para
equilibras as finanças do País, medidas que ela mesma acabou adotando ao
ser reeleita. E ele diz que é o próprio governo e seus aliados que
devem dar o start neste processo. “Um partido de oposição não poderia
deflagrar este processo, chamariam de golpe.”
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