Quatorze meses após ter assumido seu segundo
mandato e em meio a um escândalo de corrupção, envolvendo seu filho, a
presidenta do Chile, Michelle Bachelet, pediu nesta quarta-feira (6) a
todos os ministros que entreguem seus cargos. Ela disse que vai definir o
novo gabinete nas próximas 72 horas.
O anúncio foi feito durante uma entrevista a
um canal de televisão chileno, após a publicação de uma pesquisa de
opinião revelando que o índice de rejeição a Bachelet, em abril, foi de
64%. No programa, sobre atualidade chilena, a presidenta disse que o
país vive uma crise de desconfiança e pediu desculpas por “importantes
erros” cometidos, referindo-se a forma como lidou com o escândalo de
corrupção, envolvendo o filho, Sebastian Davalos, e a nora, Natalia
Compagnon.
“Não tive a força de ter criticado o que
deveria ter criticado”, disse Bachelet, na entrevista ao jornalista
Mario Kreutzberger. A presidenta ficou sabendo do escândalo enquanto
estava de férias. A revista chilena Que Pasa denunciou que Sebastian
Davalos e a mulher Natalia Compagnon teriam usado “informação
privilegiada” e “tráfico de influências” para obter um empréstimo
bancário equivalente a US$ 10 milhões.
Na época, Davalos era assessor presidencial –
um cargo, sem remuneração, ao qual acabou renunciando em fevereiro
passado, por causa do escândalo. Segundo a reportagem, que deu origem a
uma investigação, o casal teria usado o dinheiro para comprar terrenos,
que foram vendidos em seguida por US$ 5 milhões a mais. A presidenta
disse ainda que nunca teve conhecimento de que sua nora e seu filho
estavam metidos “num negócio” de especulação imobiliária.
Bachelet contava com um alto índice de
aprovação quando concluiu o primeiro mandato e ao assumir o segundo. Em
14 meses, ela conseguiu cumprir importantes promessas feitas durante a
campanha – como a reforma da legislação eleitoral e da educação (duas
heranças da ditadura de Augusto Pinochet). Ela também enfrentou
desastres naturais – o mais recente deles, a erupção do Vulcão Calbuco.
Mas o escândalo de corrupção, como a presidenta admitiu – acabou
afetando a sua imagem.
(Agência Brasil)
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