Após nove dias de buscas pelo bimotor desaparecido em Jacareacanga, familiares e amigos dos passageiros da aeronave resolveram oferecer um prêmio de R$ 19 mil a quem encontrar o avião. A aeronave decolou do aeroporto de Itaituba às 11h40 do último dia 18 e sumiu 1h20 depois de o piloto ter feito o último contato pelo rádio. Uma passageira chegou a enviar uma mensagem de celular para o tio informando dos problemas no avião.
O avião transportava o piloto, um motorista e três técnicos de enfermagem que seguiam para uma aldeia dos índios Munduruku. Desde então, a Força Aérea Brasileira (FAB) realiza buscas na região. Além das buscas aéreas, voluntários, que incluem moradores de Jacareacanga, funcionários do Distrito Sanitário Indígena e indígenas da tribo Munduruku fazem buscas diárias na mata.
"Nós, parentes das vítimas e empresários locais de Jacareacanga, nos unimos para oferecer o dinheiro. Não vejo como uma recompensa, mas como uma forma de gratificar quem está se arriscando na mata", afirma Jéssica Fetrim, filha do piloto da aeronave.
Para Rubélio Santos, tio da técnica de enfermagem Rayline Campos, que chegou aenviar SMS de dentro do avião relatando os momentos de pânico devido aos problemas no motor da aeronave, o dinheiro vai incentivar ainda mais as pessoas a buscarem pelos passageiros do avião. "A recompensa vai estimular mais as pessoas, com certeza. Vai ajudar para que as pessoas fiquem com mais vontade de fazer busca e procura", explica Rubélio.
A esperança dos familiares dos passageiros é a de que eles estejam vivos. "O pessoal da busca acha que eles estão vivos. Não tem sinal de nada de que o avião tenha caído. Eles estão vivos em algum lugar e não têm como pedir socorro. A esperança é de que estejam bem", disse o tio de Rayline.
Entenda o caso
Nesta quinta-feira (27), faz 9 dias que o bimotor modelo Beechcraft BE 58 Baron desapareceu em Jacareacanga. A aeronave transportava uma equipe de saúde de Itaituba até uma comunidade indígena em Jacareacanga.
O Ministério da Saúde divulgou o nome das pessoas que estavam a bordo: as técnicas de enfermagem Rayline Sabrina Brito Campos, Luciney Aguiar de Sousa e Raimunda Lúcia da Silva Costa, o motorista Ari Lima, além do piloto Luiz Feltrin.
Uma das passageira chegou a mandar mensagens de celular avisando que o avião passava por problemas. No primeiro SMS, enviado às 12h47, a técnica em enfermagem Rayline Campos avisava o tio Rubélio Santos sobre o perigo que enfrentava. "Tio to em temporal e um motr parou avisa a mae q amo muit tods ...to aflita..to em pânico...se eu sair bem aviso...to perto do jkre...reza por nos...n avisa a tia ainda... (sic)", dizia a mensagem. No segundo torpedo, emitido às 12h48, a passageira pediu socorro. "O motor ta parando.socorro tio tio (sic)."
De acordo com a Força Área Brasileira (FAB), a mata fechada dificulta os trabalhos de busca. “Muitas vezes a gente pensa que um avião que caiu na mata vai abrir uma grande clareira, algo de fácil visualização, mas na verdade não é assim”, explicou o capitão da FAB, Alcides Machado.
Com quatro dias de buscas a FAB adotou novas estratégias para tentar localizar a aeronave. O mesmo território foi varrido pelos aviões, que focaram em locais específicos. Chegou a ser cogitada a possibilidade de o avião estar perto de uma área de garimpo, mas a chance foi descartada.
Um avião P-3 Orion, com capacidade de identificar metais, o mesmo modelo que está sendo empregado nas buscas pelo avião desaparecido da Malaysia Airlines foi deslocado para ajudar nas buscas.
Voluntários também fazem buscas por terra. Índios da tribo Munduruku começaram a participar das buscas. "A expectativa é a gente encontrar. Nossa impressão está dizendo que o avião está lá, que existem sobreviventes e, com fé em Deus, vamos achar eles bem", disse Sandro Waru, um dos índios voluntários.
De acordo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a situação da aeronave desaparecida, de matrícula PR-LMN, estava regular. A Inspeção Anual de Manutenção (IAM) e o Certificado de Aeronavegabilidade (CA) estavam em dia.
Fonte: G1
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