O desaparecimento do Baron da Jotan não é primeiro episódio envolvendo aeronaves nos últimos tempos em nossa região. O ultimo caso aconteceu mês passado no município vizinho de Novo Progresso, um monomotor modelo Cirrus, considerado moderno, decolou mas nunca chegou ao seu destino. O piloto Daniel Martins de 55 anos foi dado como desaparecido pelas autoridades. O caso do bimotor da Jotan entra para as estatísticas de acidentes envolvendo aeronaves na Amazônia. A pergunta que não cala é: se voar é tão seguro, por que tanto acidente em nossa região? Ora se nossos pilotos são considerados os mais experientes por voar em condições tão adversas, o que contribui para o registro de tantas tragédias? Seria o gerenciamento das empresas? A falta de manutenção nos equipamentos?. Não há como negar que diante da imensidão de nossa região, carente de infra-estrutura, os aviões que cortam os céus de nossas florestas são instrumentos de extrema necessidade, sem eles iria demorar dias pelo rio ou pela estrada para levar comida, combustível ou medicamentos aos garimpos, comunidades e até pequenos municípios. O desaparecimento do bimotor de prefixo PR-LMN deixa mais dúvidas mesmo para os leigos no assunto, 10 dias de buscas se passaram, já são mais de 230 horas de pura agonia e aflição. Não é somente a família das vítimas ou do piloto que sofre, toda a sociedade está consternada com tamanha tragédia que se tornou uma verdadeira novela. Cada dia com um capítulo de um drama sem desfecho. Todos se perguntam o que pode ter acontecido com o avião: Será que caiu? Será que houve pouso forçado? Será que existe alguém com vida? Estariam feridos?. É fato que todos os esforços das autoridades e toda mobilização solidária de voluntários parecem inúteis diante da imensidão da floresta.
Mas há ainda outras indagações a fazer: Por que o equipamento de localização do avião não funcionou? Por que a demora da chegada das equipes de resgate da força aérea? Como uma aeronave sofisticada some do mapa sem ser detectada pelas autoridades? Por que o milionário projeto SIVAN implantado em Jacareacanga não rastreou a trajetória do avião? A revolta de quem assiste este triste episódio vai mais longe: Por que o governo cria força tarefa para proteger florestas, mas não envia suas forças para procurar vidas? Recentemente centenas de homens da força nacional realizaram uma grandiosa operação para proteger biólogos que fazia estudos na região, tudo por causa do interesse do governo em construir hidrelétricas no Tapajós. Também me recordo do verdadeiro terrorismo implantado em plena aldeia, onde um índio foi executado a tiros pela policia federal na frente da família. Por que o governo não utiliza esta mesma força para procurar o avião desaparecido? Por que o exercito, que é treinado para atuar em florestas amazônicas, ainda não reforçou as buscas? Eu respondo, porque força tarefa foi feita para proteger arvores e não vidas. Porque projetos como o SIVAN são feitos para nos vigiar e não nos proteger, porque os aviões da força aérea estão ocupados levando políticos influentes de Brasília pra casa. Porque o governo prefere seu exercito dentro dos quartéis que é mais econômico ao invés de estar em campo em defesa da sociedade. É nestas horas que você percebe o penhor dessa igualdade, que o seio da liberdade não alimenta a todos e que nossa pátria amada não é tão gentil assim.
FONTE: Garimpando Noticiais.
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