quinta-feira, 10 de abril de 2014

Rio Tapajós aguarda pesquisa enquanto potentes dragas migram para os tributários


O secretário estadual de Meio Ambiente, José Alberto Colares, informou há pouco a este blog que, das 60 dragas utilizadas nos garimpos da banda Oeste/Sudoeste do Pará, e que reviram o leito do Tapajós entre os municípios de Jacareacanga e Itaituba, só restam 40 nessa posição. As outras 20 estão se relocalizando nos tributários, ou seja, nos rios menores e nos igarapés que deságuam no grande rio. Para fazer um levantamento completo dessa situação, Colares informou que uma equipe de sua secretaria e de várias outras instituições, incluindo a Polícia Militar, entrará na região no começo de maio.
Dramas como esta estão migrando para os rios menores
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O secretário, que irá a Itaituba no próximo dia 25, recorda que a presença de dragas nos cursos tributários está proibida, em virtude dos enormes estragos que essas máquinas gigantescas são capazes de provocar no meio ambiente, revirando os leitos dos rios e despejando resíduos de mercúrio e cianeto nas águas, ameaçando toda a bacia do Tapajós. 

Quanto ao acordo entre o governo do Estado e a Universidade Federal do Oeste do Pará, a UFOPA, e possivelmente também com o Instituto Evandro Chagas, com vistas à realização de uma pesquisa que esclareça de uma vez por todas os níveis de contaminação dos rios da região Oeste do Pará, José Colares disse que está empenhado na busca de recursos junto á Secretaria Estadual de Comércio e Mineração, com parcelas da taxa mineral, que é cobrada pelo governo aos donos das dragas.


Esse recurso será, segundo Colares, aplicado no deslocamento de equipes de pesquisadores e nas demais necessidades requeridas pelo levantamento. A pesquisa sobre a quase certa contaminação das águas do Tapajós e de seus principais afluentes foi objeto de uma Petição Pública que gerou uma carta aberta ao governador Simão Jatene. A carta foi entregue em mãos ao vice-governador Helenilson Pontes, no dia 13 de fevereiro passado, em Santarém, contendo 1.728 assinaturas.

Os signatários da carta ao governador Simão Jatene dão um prazo para apresentação dos resultados da pesquisa até o próximo mês de junho, quando os rios estão cheios, devendo ser realizada outra pesquisa em período de vazante, quando os volumes de água são infinitamente menores e os efeitos da contaminação podem ser ainda desastrosos sobre a saúde pública e a economia regional.

Na carta ao governador, os signatários afirmam que “do ano passado a este início de 2014, são cada dia mais frequentes informações e notícias sobre a possível mudança de coloração do Rio Tapajós entre a sua foz, diante de Santarém, e seu curso médio, acima da cidade de Itaituba. Retornam, assim, as lembranças daquele período, quando as praias ficaram enlameadas, cardumes foram contaminados conforme atestado na época, pessoas adoeceram em virtude da contaminação da cadeia alimentar aquática, e a população do Vale inteiro assistiu a seu belíssimo rio transformar-se em um corpo estranho em pleno coração do Pará e da Amazônia”.

Por isso pedem que seja realizada imediatamente, no momento em que os rios do Oeste estão cheios, uma pesquisa de campo a ser efetivada por pesquisadores da Universidade Federal do Oeste do Pará e da Federal do Pará, e possivelmente também do Instituto Evandro Chagas, para responder a estas perguntas básicas: O Rio Tapajós e seus principais afluentes estão sofrendo processo de contaminação por elementos físicos e químicos estranhos à sua composição hídrica natural? Esta pergunta se desdobra (em caso afirmativo): Que elementos contaminantes são estes? Quais os níveis da presença de elementos estranhos nas águas do rio? Há riscos para a saúde animal e humana? Há contaminação da fauna aquática, especialmente das espécies mais consumidas na região? Há contaminação do plâncton e da cadeia alimentar? Já existe contaminação humana? Há mudança de coloração das águas do Tapajós? A pesquisa de campo, a depender dos pesquisadores, poderá repetir-se nos meses de setembro e outubro, quando os rios estão baixos.

Além da necessidade imediata de saber-se se as águas de quase metade do Pará estão contaminadas, o que os signatários da petição querem é que se comece a pensar no vasto interior paraense, que se pense nas formas de economia que serão ou seriam gravemente afetadas pelo possível comprometimento de um dos mais importantes eixos da economia regional, que é o Tapajós. 

A região vive uma completa irracionalidade, com o poder público e o setor privado realizando investimentos no turismo, por exemplo, ao mesmo tempo em que ambos incentivam a atividade nos garimpos que, por natureza, são altamente poluentes. Suja-se lá em cima e chama-se turistas para visitarem aqui em baixo. Milhares de empregos estão em jogo.
FONTE: Manuel Druta.

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