A justificativa do parlamentar é que o desligamento do PT permitirá que ele invista em sua defesa no Conselho de Ética da Casa
A gota d’água para que Vargas tomasse a decisão de deixar o PT, no entanto, foram os danos causados à campanha do candidato petista ao governo de São Paulo, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha. Nesta sexta, o Estado revelou que um relatório da operação Lava Jato, da PF, sugeriu que Padilha indicou o executivo Marcus Cezar Ferreira de Moura ao Labogen, laboratório controlado por Youssef. À época, a empresa tentava obter um contrato milionário com a pasta, que não chegou a ser assinado. “Não quero prejudicar Padilha, que é meu amigo”, afirmou Vargas em conversas reservadas.
Na terça-feira, 22, o presidente do PT, Rui Falcão, pediu a Vargas que renunciasse ao mandato para não prejudicar as campanhas da presidente Dilma Rousseff, de Padilha, e da senadora Gleisi Hoffmann ao governo paranaense.
Falcão disse ao deputado que, se ele não renunciasse, seria expulso pela Comissão de Ética do PT. Em resposta, aliados de Vargas chegaram a afirmar que na sigla não existe “rito sumário”. No PT, as previsões davam como certa a expulsão do deputado licenciado na Comissão de Ética.
Vargas encaminhou carta de desfiliação ao diretório municipal de Londrina na manhã desta sexta.
Cabe ao partido encaminhar agora o pedido à Justiça Eleitoral para que o desligamento seja concluído. O deputado disse, em nota, acreditar “na isenção, imparcialidade e tratamento isonômico da Câmara” na análise do processo por quebra de decoro parlamentar. “Sem partido, irei dedicar-me agora à minha defesa no Conselho de Ética da Câmara, confiante de que me serão asseguradas as prerrogativas do contraditório e da ampla defesa”, argumentou ele no documento.
Nesta semana, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) apresentou um relatório pedindo a abertura de processo contra Vargas, mas uma manobra regimental do deputado Zé Geraldo (PT-PA) jogou a decisão para o dia 29. Na ocasião, Vargas reclamou do rito dado pelo colegiado a seu caso e queixou-se de não ter garantido seu “efetivo direito de defesa no processo”.
A ligação do deputado com o Alberto Youssef veio a público quando foi revelado que ele pegou carona em um jatinho do doleiro. As denúncias fizeram com que o paramentar renunciasse ao cargo de vice-presidente da Câmara. A operação Lava Jato foi deflagrada em março e apura um esquema de lavagem de dinheiro suspeito de movimento cerca de R$ 10 bilhões.
Em nota distribuída aos jornalistas, o deputado licenciado diz que ao tomar a decisão de se desfiliar do PT poderá priorizar sua defesa no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. “Sem partido, irei dedicar-me agora à minha defesa no Conselho de Ética da Câmara, confiante de que me serão asseguradas as prerrogativas do contraditório e da ampla defesa”, diz a mensagem.
Na nota, o deputado ressalta que passou 24 anos no PT e agradece a oportunidade de “servir” ao Paraná e ao Brasil. “Confio na isenção, imparcialidade e tratamento isonômico da Câmara em relação ao meu caso, reafirmando a minha crença na Democracia e no Estado de Direito”, finaliza.
Fonte: Estadão
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