Famoso palco de duelo de agremiações de boi-bumbá, o Festival de
Parintins (AM) terminou semana passada, mas o resultado da 50ª edição
pode se arrastar por meses.
Leia também:
Caprichoso é o campeão de 2015 do Festival de Parintins.
Um dia após os jurados decretarem a vitória do Boi Caprichoso, o
Ministério Público abriu investigação para apurar suposto uso indevido
de dinheiro público investido na festa –o governo aplicou, neste ano, R$
9,6 milhões.
A polêmica começou após vazamento de uma interceptação telefônica,
cuja legalidade também entrou na mira da Promotoria, com a suposta
negociação de compra de votos de jurados por diretores do Boi
Caprichoso.
A disputa entre Caprichoso e Garantido ocorre desde 1966 e dura três noites em Parintins, a 368 km de Manaus.
A festa atrai turistas de todas as partes, patrocínios públicos e
privados e faz dobrar a população do município, hoje em 110 mil
habitantes.
Os bois se apresentam no bumbódromo. As agremiações encenam rituais
que exaltam o folclore amazônico –e até o comportamento das duas
torcidas durante os espetáculos vale pontos.
O vazamento do áudio antes da decisão fez o Garantido pedir a
anulação do festival, mas sem sucesso. Após o resultado, que deu ao
Caprichoso seu 21º título, o Garantido (dono de 30 troféus) acionou o
Ministério Público.
O caso corre sob sigilo. “Há muitos rumores na cidade, o caso envolve
sentimento de paixão, e muitas pessoas não entendem nosso foco”, disse o
promotor Flávio Silveira.
O Garantido questiona, além da suposta negociação de suborno, uma
nota máxima obtida pelo Caprichoso em uma apresentação que ocorreu de
forma incompleta por causa da forte chuva.
“Só eles [jurados] podem explicar a nota. Talvez tenham se
sensibilizado pelo esforço dos artistas”, diz o presidente do
Caprichoso, Joilto Azêdo, que questiona a legalidade da gravação e nega a
compra de jurados.
Os integrantes do Caprichoso flagrados na conversa telefônica pertenciam, até o ano passado, ao boi rival.
“Estamos muito tranquilos, essas polêmicas são tradicionais, um
perde, outro ganha”, diz o líder do Caprichoso, queixando-se da
“apelação” da agremiação rival.
Azêdo teme que a polêmica respingue nas próximas edições da tradicional festa.
A Folha procurou os diretores do Boi Garantido, que não quiseram se
manifestar. Já o governo do Amazonas diz que as denúncias “não mancham a
imagem do evento”
Nenhum comentário:
Postar um comentário