
Os anteriores foram vetados pela presidente Dilma Rousseff sob
justificativa de que a medida causaria um desequilíbrio aos recursos
estaduais. Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), feito no fim do ano passado, aponta para a criação de 363 novos
municípios se a proposta virar Lei. Segundo o autor do projeto, a
matéria não incentiva a criação de municípios inviáveis financeira e
economicamente.
O projeto, explica Flexa, cria critérios para o
surgimento e fusão de novas cidades no país. “Há 18 anos, foi retirado
das Assembleias Legislativas Estaduais a condição de legislar sobre esta
matéria. Existem situações que precisam ser analisadas com cuidado,
pois são demandas legítimas da população”, que complementou. “Não se
pode mais admitir a situação de um distrito como Castelo dos Sonhos,
distante a 1.100 km da sede do município de Altamira, no Pará, não ter a
possibilidade de se emancipar”, justificou. Flexa rebateu ainda a
justificativa dos senadores que votaram contra a matéria. O senador
paraense explicou que o projeto não prevê a regulamentação unicamente
para criar novos municípios. O texto também incentiva a fusão de
municipalidades tidas como “disfuncionais”. O projeto propõe às fusões e
incorporações municipais, na medida em que garante por um período de
tempo, as perdas de receita decorrentes da aglutinação de municípios.
Nos doze anos seguintes à fusão ou incorporação, as novas cidades
formadas pela fusão ou ampliadas em função de incorporação, continuarão
recebendo o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) como se ainda
estivessem separadas.
De acordo com o relator do projeto, senador Valdir Raupp (PMDB-RO),
ao preservar por doze anos uma receita maior dá tempo suficiente para
que as unidades fundidas possam ajustar suas administrações a ponto de,
no futuro, terem uma participação menor no FPM.
O texto do projeto estabelece ainda que, antes da emancipação ou até
mesmo a fusão com outro município, o governo estadual apresente Estudo
de Viabilidade Municipal (EVM) realizado por instituição pública ou
privada. A exigência do estudo prévio visa garantir que os novos
municípios tenham sustentabilidade econômica e que não dependam
unicamente dos repasses constitucionais. Na definição do autor do
projeto, os EVM terão que abordar os aspectos de viabilidade
econômico-financeira, político-administrativa e socioambiental.
Além da exigência do EVM, o projeto estabelece como critério que para
a criação de novos municípios a população mínima para as regiões Sul e
Sudeste deverá ser de 20 mil habitantes, para o Nordeste, 12 mil e para o
Norte e Centro-Oeste, 6 mil.
Contrário ao projeto, o senador amapaense Randolfe Rodrigues
(PSOL-AP) defendeu sua posição, pois julga que o atual momento econômico
por qual passa o país não é favorável à criação de novos municípios. O
argumento de Randolfe foi severamente rebatido pelo senador Ivo Cassol
(PP-RO) que defendeu o corte de ministérios como forma de conter os
gastos públicos. “Se alguém aqui quer cortar despesas, que o governo
federal comece a cortar. Diminui pelo menos dez ministérios que servem
apenas para cabide de emprego. É conversa fiada dizer que está tirando
dinheiro de um lado e de outro para criar município”, defendeu.
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