A
tática de manter encarcerados os empresários indiciados na Lava Jato
mais uma vez surtiu o efeito desejado: dois dos três executivos da
Camargo Corrêa fecharam, na sexta-feira (27), acordo de delação
premiada.
Como os recursos interpostos para
obterem liberdade já se esgotaram e os ditos cujos continuam cumprindo a
pena antecipada, o presidente da empreiteira, Dalton Avancini e o
vice-presidente Eduardo Leite desistiram de ficar calados.
Com os dois novos acordos,
a Lava Jato já coleciona 15 delatores: o maior número de alcaguetes já
estocados em uma investigação judicial e um precedente singular na
fissura da garantia dos direitos individuais, através de pressão
psicológica do Estado policial.
Se
pega a moda - e os aplausos do contribuinte são de ruidosa aprovação -
não será mais necessária inteligência investigativa: basta prender e
esperar a confissão, nem que precise pagar por ela, como se fez com o
doleiro Youssef.
Mas os dois empresários da Camargo Corrêa
não serão pagos pelo serviço. Consta que, além de serem soltos logo,
terão diminuição da pena a ser aplicada ao final. Se assim foi feito é
porque a sentença condenatória já está pronta. O processo vem depois.
Em
assim agindo, grosso modo e data vênia, a Justiça procede igual como se
faz a maioria dos processos de licitação no Brasil: primeiro se escolhe
o vencedor e depois se cumpre o rito da lei referente.
O terceiro executivo preso da Camargo Corrêa,
João Auler, presidente do conselho de administração, o cargo mais alto
na empreiteira, teve o seu pedido de acordo de delação negado e
permanecerá no cárcere até convencer os procuradores que vai, mesmo,
contar tudo o que sabe.
Na verdade, os
procuradores e o juiz Moro, segundo especulações do meio, gostando do
papel que ora exercem, querem arrancar da Camargo Corrêa algo que
extrapola as traquinagens na Petrobras: os escaninhos secretos de Belo
Monte.
Aí a vaca tosse, a cobra fuma e o rabo torce a porca.
Abaixo, um infográfico da Folha de S. Paulo com o atual quadro da Camargo Corrêa:
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