Pessoas visitam parte do Muro de Berlim que ainda está de pé. Foto: Hamish Appleby/Fotos Públicas |
Centenas de milhares de alemães e turistas se reuniram neste sábado em Berlim para o início do final de semana de celebrações do 25º aniversário da queda do Muro, em 9 de novembro de 1989.
Sob um sol radiante, muitos visitantes foram até um dos locais mais simbólicos da capital alemã, a Potsdamer Platz - uma terra de ninguém com miradores e arames farpados durante a divisão de Berlim, hoje refeita entre centros comerciais e prédios modernos.
Outros escolheram o Portal de Brandeburgo, ponto turístico que receberá, neste domingo, uma série de shows como parte das comemorações. É do portal também de onde sairão os balões luminosos que simbolizam, desde a noite de sexta-feira, o traçado do muro que separou Berlim por 28 anos.
"Vi (a queda do Muro) pela televisão, me lembro muito bem. Chorei, foi muito emocionante", conta à AFP Juliane Pellegrini, uma italiana de 60 anos que viajou a Berlim para assistir o aniversário com uma amiga. "A história da Europa Central" foi definida aqui, garante a professora.
Mulher caminha ao lado da instalação de balões luminosos que representam o traçado do Muro de Berlim, em 8 de novembro de 2014.Foto: © AFP/ODD ANDERSEN |
Edna Tschepe, uma aposentada berlinense de 72 anos, garante que a antiga parte ocidental da cidade também melhorou muito após a queda do Muro. Depois de 9 de novembro de 1989, ela pôde viajar até a costa báltica, na antiga RDA, após décadas fechada em Berlim-Ocidental.
Dois milhões de visitantes eram aguardados na capital alemã para comemorar um evento que anunciou o fim da Guerra Fria e a reunificação da Alemanha e da Europa.
A chanceler alemã Angela Merkel, que cresceu na RDA e começou sua carreira política após a queda do Muro, considera que Berlim seja "quase o símbolo da unificação da Europa".
A dirigente, que estava numa sauna de Berlim-Oriental quando houve a queda, deve inaugurar neste domingo a nova exposição permanente do Memorial do Muro.
O último líder da URSS, Mikhail Gorbachov, de 83 anos, considerado o mentor da reunificação alemã, participa neste final de semana de diversas atividades, assim como o ex-líder sindicalista polonês Lech Walesa.
Berlim, atualmente uma das cidades mais badaladas da Europa, sofreu uma metamorfose nos últimos 25 anos e recebe, hoje, mais turistas do que Roma e Barcelona. Famosa por suas boates de música eletrônica, a cidade atrai milhares de jovens nos finais de semana.
Nas lojas de souvenir, a venda de fragmentos do Muro com certificado de autenticidade aumentou por conta do aniversário.
Após semanas de manifestações gigantescas, em 9 de novembro de 1989 o regime comunista anunciou que seus moradores poderiam, a partir de então, viajar para o exterior.
Pessoas caminham ao lado de resquícios do Muro de Berlim, na rua Bernauer, em 8 de novembro de 2014. Foto: © AFP/TOBIAS SCHWARZ |
Algumas horas mais tarde os guardas da fronteira, atarantados com tamanho fluxo, se viram obrigados a abrir o Muro, provocando cenas de alvoroço e reencontros que deram a volta ao mundo e marcaram o imaginário coletivo do século XX.
"O fato de que, 25 anos após a queda do Muro, o mundo já não olhe mais a Alemanha com apreensão, mas sim com grandes expectativas, é um triunfo tardio e adicional àqueles que derrubaram o Muro", considera o jornal berlinense Tagesspiegel.
O dia 9 de novembro é uma data de grande valor simbólico na Alemanha, já que também é o dia da chamada "Noite dos Cristais", quando os nazistas, em 1938, incendiaram e destruíram centenas de sinagogas e lojas comandadas por judeus - abrindo caminho para a chegada de Hitler ao poder.
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