Apesar de se pronunciar em público em
favor das eleições diretas, o PT já avalia como irá agir no pleito
indireto que a Constituição determina caso o presidente Michel Temer
(PMDB) perca o cargo.
Segundo a reportagem
apurou, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou o partido a
negociar o apoio ao processo indireto.
Isso só mudará se os
protestos de rua pró-diretas ganharem corpo, deixando a circunscrição
dos sindicatos e movimentos à esquerda.
Dentre os candidatos já
colocados nas articulações de aliados do Planalto, Lula não fará
campanha sistemática contra Nelson Jobim. Ex-ministro de Fernando
Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff (PT), o peemedebista é hoje o
nome mais palatável para o líder petista.
Alguns membros da direção
do partido avaliam, contudo, que Jobim pode ser um "cavalo de Troia" do
condomínio governista, do qual sairia um nome mais conservador para a
disputa na hora H.
O temor maior dos
petistas é que o senador tucano Tasso Jereissati (CE) acabe
representando do "status quo", a manter a espinha dorsal econômica de um
eventual governo de transição.
A questão das reformas,
como a da Previdência, segue unindo o partido em público e nos
bastidores. Um dirigente afirmou que, seja lá quem for o presidente, o
combate a elas continuará a ser dado.
Já o motivo não declarado
é o risco de o governo "dar certo e vitaminar uma candidatura tucana",
como diz um outro dirigente petista.
O PT continuará
defendendo as diretas, até por avaliar que Lula teria mais chances hoje
do que no ano que vem no pleito, devido ao desgaste pela Operação Lava
Jato.
Hoje, Lula tem cerca de
30% das intenções de votos em todos os cenários de primeiro turno
aferidos pelo Datafolha -mas enfrenta alta rejeição, de 45%.
Mas o PT sabe que isso
depende de uma dificílima aprovação de emenda constitucional, processo
que leva meses, ou de uma decisão heterodoxa do Tribunal Superior
Eleitoral ao julgar a chapa Dilma-Temer, dia 6 de junho.
Assim, petistas defendem o lançamento de um nome na disputa indireta, para marcar posição e ter talvez 80 votos.
Eles defendem a união com
o PSB e com a Rede, mas o partido de Marina Silva rejeita o acerto,
segundo afirmou um de seus dirigentes. Foram especulados como nomes do
grupo os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Lindbergh Farias
(PT-RJ).
Com 58 deputados e 9
senadores, o PT não tem força para influir em um pleito indireta com 594
eleitores. Mas pode atrapalhar bastante um novo governo com sua
liderança na esquerda, daí o interesse até da situação em negociar
termos de convivência.
Na quarta (24), Tasso e
Jobim eram os mais cotados para compor uma chapa PSDB-PMDB, ou mais
provavelmente vice-versa, já que o ex-ministro tem esse trânsito com a
oposição e também no Judiciário -ex-presidente do Supremo, ele mantém
boas relações na corte.
Há três entraves ao nome
de Jobim. Primeiro, ele foi consultor de empreiteiras enroladas na Lava
Jato, após a morte do criminalista Márcio Thomaz Bastos em 2014.
Segundo, é sócio do banco
BTG, investigado na operação. Terceiro, o maior negócio de sua gestão
na Defesa lulista, a compra de submarinos franceses em 2009, é objeto de
investigação.
Já Tasso, bem visto no
empresariado, tem contra si a saúde: ele é cardiopata. No PSDB, ainda é
especulado o nome do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que, aos
85 anos, já disse que não quer a missão.
Henrique Meirelles (PSD),
ministro da Fazenda, viu sua cotação alta nos mercados cair à medida em
que o líderes no Congresso bombardearam seu nome como de difícil
assimilação pelo plenário. Situação semelhante à de Cármen Lúcia,
presidente do Supremo que nem filiada é.
O presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), anima os talvez 60% de membros do baixo clero no
Colégio Eleitoral, mas enfrenta resistência de caciques e é investigado
na Lava Jato.
(Folhapress)
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