O governo começa hoje a demitir indicados de deputados da base aliada
que votaram contra a reforma trabalhista na Câmara. Em reunião
realizada ontem com ministros e líderes, no Palácio da Alvorada, o
presidente Michel Temer disse que quem está com o governo tem bônus, mas
também ônus e avisou que será preciso dar o exemplo, com cortes de
cargos, para impedir que novas traições prejudiquem a votação da reforma
da Previdência.
As mudanças na aposentadoria começam a ser
analisadas amanhã por uma comissão especial da Câmara. A expectativa do
Palácio do Planalto é de que até julho a proposta tenha passado pelo
plenário da Câmara e do Senado, mas esse calendário deve atrasar porque a
base aliada está rachada e há muitas resistências à proposta.
Segundo apurou o Estado, as demissões que sairão no Diário Oficial
a partir de hoje atingirão cargos em órgãos federais nos Estados. Entre
os atingidos estão deputados do PR, PP, PSB e até do PMDB, partido de
Temer. Os cargos maiores, como ministérios e presidências de fundações,
só serão retirados se houver infidelidade na votação da reforma da
Previdência.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, considerou
“normal” a reação da sociedade à proposta de mudanças na Previdência.
“Se alguém me fala que vai me tirar um direito, eu fico bravo, com
razão”, disse Meirelles ao comentar as manifestações de sexta-feira e de
ontem, contra as reformas propostas por Temer. “Agora, é preciso dizer a
verdade para a população, que o Brasil, se continuar do jeito que está,
não vai pagar as contas.”
O líder do governo na Câmara, Aguinaldo
Ribeiro (PP-PB), afirmou que o momento, agora, é de “consolidação” da
base aliada. “Nós temos convicção de que possuímos maioria ampla na
comissão especial da reforma da Previdência”, disse Ribeiro. Para ser
aprovado, o texto precisa de 19 dos 37 votos.
O ministro da
Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, afirmou que o governo terá de
fazer “os necessários ajustes” para evitar uma contaminação na base que
amplie a dificuldade em torno da reforma da Previdência. “É preciso
tirar a laranja podre do cesto”, disse ele, antes da reunião de ontem
com Temer, no Alvorada.
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