Nesta quinta-feira, 15, o Pará celebra uma data importante na sua história: os 191 anos da adesão do Estado à Independência do Brasil. O acontecimento foi em 1823, um ano após o Brasil tornar-se independente.
Segundo a historiadora Magda Ricci, da Universidade Federal do Pará, “a adesão tardia do Pará ocorreu em razão de uma forte ligação entre a elite paraense da época com a comunidade e os comerciantes portugueses. Belém tinha o mesmo status que a cidade lusitana do Porto, e o bispado daqui era muito ligado ao de Portugal, o que fortalecia os laços entre paraenses e portugueses”, afirma a professora.
Autonomia - O Pará, então chamado de Grão-Pará, tinha autonomia administrativa e comercial e mantinha poucas ligações com a parte sul da colônia portuguesa na América. Porém, após a adesão do Maranhão ao Império do Brasil, em julho de 1823, o Pará era o último Estado restante e, para conseguir a adesão, em 11 de agosto, o almirante John Grenfell desembarcou aqui e, a mando de Pedro I, trouxe aos governantes do Estado um documento afirmando que havia uma esquadra em Salinas, pronta para bloquear o acesso ao porto da capital, isolando o Pará do resto do Brasil, caso o Estado não fizesse a adesão. Os governantes da época renderam-se, proclamando a adesão ao restante do Brasil. Após uma assembleia no Palácio Lauro Sodré, a assinatura do documento que oficializava a adesão ocorreu no dia 15 de agosto.
Divisão - A adesão do Estado não resultou em melhorias, de acordo com Magda Ricci. Após a adesão, a província ficou muito dividida e a situação nacional do Brasil também não ajudou muito, pelo contrário, já que estava em crise, então, pioraram as dúvidas paraenses. Além disso, Pedro I resolveu deixar o Brasil e voltar para Portugal, o que só agravou a crise política.
Dessa forma, havia muitas incertezas e dúvidas quanto a continuar unido à causa de Dom Pedro I. Se a elite paraense estava dividida, a população mais pobre e os escravos de origem africana perceberam, rapidamente, que a independência não resultou em melhorias para suas vidas, o que acabou provocando muitos conflitos e mortes, como a Revolta do Brigue Palhaço, três meses após a adesão, e a Revolta popular da Cabanagem, em 1835.
Identidade - “Somente depois de 1840 é que se completou o processo que, a duras penas, buscava construir uma identidade brasileira no Norte do Brasil. É preciso ressaltar que, em alguns aspectos, ainda hoje, este processo não se fechou. Falo isso, porque, ainda nos nossos dias, é preciso lutar para se fazer uma identidade nacional brasileira mais ampla e formadora de uma cidadania plena”, finaliza a historiadora Magda Ricci.
Fonte: UFPA; Texto: Brenda Ferreira – Assessoria de Comunicação da UFPA
Ilustrações: Reprodução / Google.
Ilustrações: Reprodução / Google.
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