Morreu ontem, aos 96 anos, em Brasília, Jarbas Passarinho, em decorrência de problemas de saúde devido à idade avançada.
Nascido
em Xapuri, Passarinho fez carreira no Exército onde, em 1962, alcançou o
posto de tenente-coronel e foi destacado para chefiar o Comando Militar
da Amazônia e a 8ª Região Militar, em Belém.
Em
junho de 1964, o primeiro presidente militar, o general Castelo Branco,
nomeou Jarbas Passarinho governador do Pará, para completar o mandato de
Aurélio do Carmo, cassado em processo de impeachment, pela Assembleia
Legislativa.
Quando deixou o governo do Pará, em
1966, Passarinho seguiu carreira nacional: elegeu-se senador por três
mandatos, presidiu o Senado Federal, foi Ministro do Trabalho, Ministro
da Educação e Ministro da Previdência Social. Em seu último cargo
público, foi Ministro da Justiça no governo Fernando Collor.
É histórica a rixa havida entre Alacid Nunes, falecido em 2015 a dois meses de completar 91 anos, e Jarbas Passarinho.
Ambos eram plenipotenciários do governo militar no Pará, mas
adversários ferrenhos, dividiram a política local entre os jarbistas e
os alacidistas.
Essa rixa fez com que, em 1982, o
então deputado federal Jader Barbalho, candidato a governador do Pará
pelo PMDB, fosse apoiado pelo então governador Alacid Nunes, que queria
derrotar Jarbas Passarinho, que lançou Oziel Carneiro para o governo.
Era
presidente da República o general João Figueiredo, que na contenda
local deu apoio a Jarbas Passarinho, senador de sua confiança, que à
época presidia o Congresso Nacional e era candidato à reeleição.
Ao final de uma acirradíssima disputa, elegeu-se Jader Barbalho
para governador do Pará. Jarbas Passarinho, que disputava o Senado, foi
derrotado, não por falta de votos nominais, mas porque, em um arroubo
de autoconfiança, lançou-se sozinho, pelo PDS, sem sublegenda, e o PMDB
lançou Hélio Gueiros, João Menezes e Itair Silva, em três sublegendas.
Na
legislação eleitoral de então, os votos adquiridos pelos candidatos das
sublegendas se somavam e o partido que obtivesse mais votos conquistava
a cadeira do Senado, sendo o Senador o candidato que, dentro das
sublegendas, obtivesse mais votos.
Jarbas
Passarinho (PDS), sozinho, obteve 445.628 votos e a soma dos votos
obtidos por Hélio Gueiros, João Menezes e Itair Silva, todos do PMDB,
foi de 474.300 votos. O PMDB, portanto, fez o Senador.
Dentre
os três candidatos do PMDB, o mais votado, com 225.120 votos, foi Hélio
Gueiros que, com praticamente a metade dos votos nominais auferidos por
Passarinho, elegeu-se Senador da República.
A eleição de Jader Barbalho para o governo e Hélio Gueiros
para o Senado inaugurou no Pará um quê de neobaratismo, pois ambos
tinham raízes políticas fincadas na escola de Magalhães Barata, que foi
nomeado interventor do Pará com o Golpe de 1930.
Barata
foi um dos produtos do Governo Provisório, instalado no Brasil com o
Golpe de 1930, chefiado por Getúlio Vargas, cuja posse jogou a pá de cal
na política do café com leite, na qual se alternavam como presidentes
políticos de São Paulo e Minas Gerais, a chamada República Velha.
Em 1986, brigado com Jader Barbalho,
que apoiara em 1982, Alacid Nunes lançou para o governo, o suplente de
senador, João Menezes, e ele próprio se lançou ao Senado.
Para
fazer frente à chapa de Alacid, Jader Barbalho lançou o então senador
Hélio Gueiros para a sua sucessão e foi buscar o arquirrival de Alacid
para fazer-lhe frente: coligou-se com o PDS e lançou, para o Senado,
Jarbas Passarinho.
Pelo PMDB, Jader Barbalho
lançou Almir Gabriel, Vicente Queiroz e Clovis Ferro Costa, em
sublegendas. Como eram duas as vagas em disputa para o Senado,
elegeram-se Jarbas Passarinho pelo PDS e Almir Gabriel pelo PMDB.
Naquele
ano, Jader Barbalho firmou-se como o maior líder político paraense
depois de Barata, pois além de eleger o seu sucessor, Hélio Gueiros, sob
o seu comando elegeram-se os dois senadores, 15 dos 17 deputados
federais e 26 dos 41 deputados estaduais.
Mas está bom de história, pois o assunto é a morte de Jarbas Passarinho.
Como sou contador de histórias, oportunamente contarei da oposição que
eu fazia a Passarinho, e de como passei a privar do seu relacionamento,
quando ele, apoiado pelo PMDB, disputou o governo do Pará, em 1994.
Minhas
sinceras condolências à família de Jarbas Passarinho, especialmente ao
seu sobrinho, meu amigo Ronaldo Passarinho, que mantinha com Jarbas um
relacionamento filial.
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