Uma final inédita e improvável para a maioria
dos aficionados e um campeão que estreou na Copa Ouro. Assim terminou a décima
edição da maior competição de futsal do Norte do País, que consagrou o time da
Oficina Pereira/Genasc como o grande vencedor, em decisão emocionante contra a
equipe da Climafrio, que sábado, 04 de junho, defendeu o bicampeonato
conquistado em 2013 e 2015.
Depois de enfrentar alguns problemas
disciplinares na reta final da primeira fase e em um dos jogos da fase
semifinal, a coordenação do evento tomou todas as providências, e contando com
a colaboração até mesmo daqueles mais exaltados que inflamaram os ânimos em
partidas anteriores, conseguiu fazer com que terminasse tudo em paz.
Na decisão de sábado, 04, o Climafrio era apontado
como ligeiramente favorito, por causa de alguns fatores, como a volta de três
importantes atletas que estava suspensos (Jotinha, Miller e Jorginho), enquanto
a equipe da Oficina Pereira já não tinha mais Lucas, que foi jogar no Kweait, e
Bruno Ozil, expulso na semifinal.
Assim que a bolou rolou, o Urso Branco partiu
para cima, como que querendo confirmar a superioridade que lhe era atribuída.
Pressionou o adversário, jogando o tempo quase todo no ataque, acuando a
Oficina Pereira, que não conseguiu nem mesmo contra-atacar. Mas, desde o
primeiro tempo esbarrou em uma muralha chamada Serra, que se transformou ao
longo da competição, na maior força da equipe.
Depois dos dez primeiros minutos de domínio
completo, o Climafrio diminuiu o ritmo, e isso ensejou uma subida de produção
da Oficina Pereira, que equilibrou o jogo. E numa das jogadas mortais que essa
equipe utilizou durante toda a competição, algumas delas dando certo, o goleiro
Serra saiu jogando com os pés com muita rapidez. Ele avançou até depois da
metade da quadra, esperando a hora certa para encontrar uma brecha na defesa
adversária, até que ela apareceu. Serra acertou um chute muito forte, no canto
superior de Rafael, e a bola ganhou o fundo da rede, abrindo a contagem.
Faltavam 9 minutos para terminar o primeiro tempo.
Após esse gol, o Climafrio voltou a se
concentrar no ataque, mas, encontrou uma defesa bem posta e um goleiro que não
deixava passar nada, ou quase nada, porque foi o próprio Serra quem
proporcionou a jogada do gol de empate, quando abusou do individualismo,
tentando resolver tudo sozinho, até perder a bola e obrigar um companheiro seu
a praticar uma falta que resultou em gol de Max, em jogada ensaiada. Filipinho
virou quando faltavam três minutos para o fim do primeiro tempo, sendo esse o
placar com o qual as equipes foram para o vestiário.
Aos cinco minutos da etapa final o excelente
jogador Dedé marcou o terceiro para o Climafrio e somente quando faltavam pouco
mais de dois minutos para o final do tempo regulamentar Neguinho conseguiu
empatar para a Oficinal Pereira. E a partir daqueles instantes, algumas outras
situações de gol foram criadas por ambos os lados, mas, os goleiros Serra e
Rafael trabalharam muito bem.
Os atletas estavam exaustos, pois correram
muito durante os quarenta minutos de jogo, mas, tiveram que tirar energia de
onde não tinham mais, superando-se na determinação de ficar com o título. Para
isso, tiveram que enfrentar uma prorrogação de dez minutos corridos, dividida
em dois tempos de cinco minutos. E essa foi a parte mais empolgante de toda a
decisão, uma vez que foi esquecido qualquer treinamento, conquanto os jogadores
atuaram movidos pela altíssima adrenalina que os movia.
Faltando pouco mais de três minutos para
terminar o tempo da prorrogação, Dedé fez uma falta em Pacato, no meio da
quadra, para evitar um contra ataque da Oficina Pereira, que prometia levar
muito perigo. Como o Climafrio já havia atingido o limite de faltas, a bola foi
colocada na marca dos doze metros.
Coube ao jogador Luquinha, a enorme
responsabilidade de botar para dentro aquela que tinha tudo para ser a bola do
jogo, e ao goleiro Rafael, fechar o gol para evitar que a bola entrasse. Mas,
Luquinha ganhou a disputa, e cobrando muito bem, pelo alto, no lado esquerdo de
Rafael, sem chance de defesa. E foi a bola do jogo.
Mas, a emoção ainda estava longe de acabar,
pois precisando ao menos empatar para levar a decisão para as penalidades, o
time do Climafrio foi para cima e aí, mais do que em toda a Copa Ouro apareceu
o São Serra, que só faltou fazer chover, pois pegou tudo e mais um pouco. A
bola esteve para entrar por diversas vezes, mas, Serra estava lá para impedir.
Sem esquecer nesse particular da emoção, que
o mesmo Luquinha que teve competência de colocar a bola para dentro na cobrança
de tiro livre direto, fez uma bobagem que por pouco não custou caro para o seu
time: após converter a falta em gol, ele chutou a bola para longe para retardar
o jogo, e recebeu o segundo cartão amarelo, e consequentemente, recebeu o
vermelho em seguida. Durante dois minutos seu time teve que jogar com um a
menos, quando o sufoco foi ainda maior. No final do jogo, Luquinha ao ser
entrevistado reconheceu o erro e confessou que estava aliviado, pois seu gesto
impensado poderia ter jogado fora todo um trabalho para chegar ao título.
Oficina Pereira 4x2 Climafrio, foi um jogo
digno de uma grande decisão, porque teve todos os ingredientes que devem estar
inseridos em uma partida dessa natureza. Foi um jogo pegado, mas, sem ser
violento, mostrando que os atletas entraram na quadra do ginásio dispostos a
jogador futsal de primeiro qualidade, o que eles fizeram muito bem. Até mesmo
os bancos, que deram muito trabalho nessa Copa Ouro, estiveram mais comportados
na jornada de ontem, contribuindo para fluir bem o trabalho da arbitragem.
Qualquer um dos dois finalistas que
comemorasse o título na noite de ontem, seria justo, mas, pela melhor campanha
que fez na primeira fase, e por ter tido um número maior de oportunidades
perdidas na decisão, em falhas do sempre muito bem fechado sistema de defesa do
Climafrio, ficou bem o título com a Oficina Pereira.
No final, a equipe de esportes da Rádio
Tapajoara elegeu o melhor goleiro e o craque da 10ª Copa Ouro, sendo eleito por
unanimidade, tanto para um como o outro, o goleiro Serra, da Oficina Pereira. E
não foi apenas por influência do que ele fez ontem, mas, pelo conjunto da obra,
ou, por tudo que ele representou para o time campeão, do começo ao fim. Serra
chamou atenção desde o primeiro jogo que fez, tanto pela qualidade técnica na
sua área de trabalho, quanto na grande capacidade de sair jogando com os pés
muita rapidez, armando inúmeros contra ataques rápidos, alguns dos quais
resultaram em gols. Ele mesmo já havia marcado antes desse jogo da decisão. Por
isso, não houve divergência na escolha.
Quando foi dito no começo da matéria, que a
Copa Ouro tem um campeão inédito, e que participou pela primeira vez do evento,
explica-se: Oficina Pereira/Genasc foi de fato o time campeão, mas, é bom que
os torcedores que ainda não sabem disso, tomem conhecimento de que a única vaga
que restava pertencia ao Genasc, que corria o risco de não disputar a 10ª Copa
Ouro de futsal. Foi aí que entrou a Oficina Pereira, que pediu permissão da
direção do Genasc para usar o nome dessa tradicional equipe. Permissão
concedida, mas, foi da Oficina Pereira e de seus colaboradores toda a
responsabilidade pela viabilização dos recursos para montar o manter o time.
Até chegar à final, a equipe da Oficina Pereira/Genasc contou com o talento do artilheiro Lucas, que foi muito importante, tanto pela qualidade técnica indiscutível, quanto pela liderança que exerceu dentro do elenco. Mas, quando chegou a Itaituba, Lucas já tinha data marcada para deixar a equipe antes do fim da Copa Ouro. E a diretoria sabia disso. Na semifinal ele já estava bem longe, no Kwait, de onde acompanhou os dois últimos jogos. Lucas fez muita falta, mas, ficou provado que o time não se resumia a ele, nem que cairia pelas tabelas sem sua presença.
Fonte: Jota Parente.
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