quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

BRASIL NEWS: Entenda o que está por trás da decisão do STF de manter o Renan no cargo!

  Jorge William / Agência O Globo
Em uma decisão sensata, que teve articulação previdente entre os três poderes e até envolveu, além do presidente Michel Temer, dois ex-presidentes da República, FHC e José Sarney, a maioria dos ministros do STF decidiu ontem (7) revogar a liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio e manter Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado Federal.
Na mesma votação, o STF resolveu dar um capote no ministro Dias Toffoli e não esperar que ele devolva o processo que trata se um réu pode estar na linha de substituição da presidência da República.
A Corte decidiu que um réu não pode substituir e nem suceder o presidente da República, mas esclareceu que a restrição alcança específica e exclusivamente esta expectativa de direito, não sendo lícito dela se inferir que quem ocupe um cargo que esteja na linha de substituição ou sucessão, virando réu, tenha que ser destituído dele. 
 
Renan Calheiros, portanto, em sendo réu, está impedido de substituir ou suceder Michel Temer, mas pode continuar presidindo o Senado Federal até o final do seu mandato na Mesa Diretora, que vai até o primeiro dia de fevereiro de 2017.
A modulação segue a lógica jurídica, construída, aliás, pelo decano do STF, ministro Celso de Mello, e por ser verdadeira pode ser inferida à lógica geral, como prova dos nove. O fato de eu estar impedido de mergulhar no mar, não significa que eu não possa vestir  um calção de banho, ora pois.
Os incendiários leigos, que se arvoram em constitucionalistas de monta, derramaram incongruências depois da decisão, alegando que a Carta foi rasgada por quem deveria guardá-la inteira. A Carta está intacta.
A decisão, na verdade, tem teor absolutamente adjetivo, ou seja, estabelece um processo e portanto não atinge grandeza constitucional, que trata exclusivamente de matérias substantivas.
O ministro Gilmar Mendes, ausente da votação, foi criticado pelos colegas pelo teor agressivo à pessoa do ministro Marco Aurélio, ao lhe comentar a liminar na imprensa.
O problema é que os ministros do STF, com raras exceções, adquiriram o péssimo vício de não mais poderem ver uma câmera ou microfone a dois metros do nariz sem correr para ambos e deitarem falatório sobre o que vão julgar daqui a pouco ou julgaram ontem: viraram comentaristas dos próprios julgados.
Juiz deve ser recatado e absolutamente mudo sobre as questões que lhe cabem jurisdição. Juiz fala nos autos.

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