sábado, 11 de janeiro de 2014

ARTIGO: MALÁRIA NO MUNICÍPIO DE ITAITUBA: Epidemiologia e aspectos sociais de 2000 a 2008.

  MALÁRIA NO MUNICÍPIO DE ITAITUBA:
Epidemiologia e aspectos sociais de 2000 a 2008.

Evilson Costa Gomes[1]

RESUMO
As questões que se apresentam neste trabalho, estão voltadas para melhor compreender a malária e buscar alternativas de enfrentamento desse agravo, para que fortaleça as estratégias de ação já existentes no município. Em Itaituba, a doença se apresenta de forma endêmica, e como uma das enfermidades de maior acometimento a saúde da população. Infecção de notificação compulsória e da atenção básica de assistência a saúde, considerada por infectologistas e pesquisadores, como doença negligenciada, Carecendo ações efetivas e eficazes  de controle e de envolvimento direto dos órgãos governamental e das entidades não governamental. O município por suas características socioambientais favorece a circulação do plasmódio, estando concentrada na zona rural, principalmente na zona garimpeira. Necessitando manter assistência sistemática e consistente à população que moram ou que se deslocam para zona de risco. A metodologia adotada, a pesquisa de campo, qualitativa, com coletas de dados sobre a doença no município, e entrevista com fontes orais.

Palavras-chave: Malária. Saúde. Assistência. 

MALARIA IN THE MUNICIPALITY OF ITAITUBA :
Epidemiology and social aspects 2000-2008 .



ABSTRACT

The issues presented in this paper are aimed to better understand malaria and seek alternatives for coping with this condition , to strengthen the strategies of action existing in the municipality . In Itaituba , the disease has an endemic form , and as one of the diseases most affected population health . Notifiable infection and primary care health care , infectious disease and considered by researchers as neglected disease , Lacking effective and efficient actions to control and direct involvement of government agencies and non-governmental entities . The municipality for its environmental characteristics favors the movement of the plasmodium , and is concentrated in rural areas , mainly in gold mining area . Needing to keep systematic and consistent population living or moving to the danger zone assistance. The methodology , fieldwork , qualitative , with data gathering on the disease in the municipality , and interview with oral sources .

Keywords : Malaria . Health Care .

 [1] Graduado em História pela FAI, pós graduando em História, Cultura e Sociedade pela FAT. Avenida Homero Gomes de Castro, nº. 597 CEP: 68.180-250 e-mail: evilsongomes@hotmail.com.

Confira o Artigo completo:


1 INTRODUÇÃO

  A malária é pesquisada desde “priscas eras[2]”, nas regiões tropicais e subtropicais, onde sua presença é frequente conforme aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS 2007), Exigindo, enormes esforços de instituições governamentais e não governamentais para controlar esta endemia, que provoca grandes problemas socioeconômicos. Todavia, esta história é bem digna de ser conhecida, porque em grande parte ela é a “própria história da medicina tropical”.  FAYAL, (1993)
Há dois mil anos antes de Jesus Cristo, na mitologia chinesa eram descritos três demônios maláricos, um com martelo, outro com uma ânfora de água fria e o último como uma fornalha, sendo responsável da tríade que caracteriza a doença, (cefaleia, calafrio e febre). O acometido pela doença fica por vários dias com estes sintomas e, impossibilitado de trabalhar.
Na Amazônia brasileira, até mesmo pelas características ambientais e climáticas alguns agravos permanecem como o maior empecilho à construção de um modelo de Saúde e de qualidade de vida; no ano de 2001 o Ministério da Saúde informa que a região Amazônica, aonde a malária vem assumindo proporção alarmante passa neste momento, pela descentralização das ações de controle de endemias, passa da esfera federal aos níveis estadual e municipal.
Objetiva-se também com este trabalho conceber a que ponto a população que vive e trabalha na área de risco, conhecem as causas da doença e se fazem uso de medidas preventivas, seja: individual ou coletiva, para prevenir-se da infecção.  Apresentar a comunidade acadêmica e a sociedade itaitubense, um documento concernente a esse agravo em uma abordagem “ontológica[3]” histórica, e, da realidade atual dessa importante endemia.
A metodologia empregada está voltada para o enfoque fenomenológico da  hermenêutica para a interpretação dos depoimentos juntos aos pacientes que já contraíram ou estão em eminência da malária e ainda através da pesquisa de campo, delineada por fontes orais e informantes que trabalham no controle da malária. A metodologia e pesquisa de campo, os depoimentos e interpretações dos mesmos, a conclusão o resultado da pesquisa.

2 REGISTRO HISTÓRICO DA MALÁRIA NO MUNDO

Há 400 anos antes de Jesus Cristo, escritos gregos sobre medicina separavam as febres em dois grupos, contínua e intermitente. Nesta época, os miasmas[4] eram evidentes na ocorrência em doenças onde o homem não encontrava explicações consistentes, atribuindo a magia negra, espíritos maus, influência maléfica dos deuses terrenos e celestes. “Em Roma, a população rendia homenagens à deusa febre, temendo a sua ira”. (FAYAL,1993)
A intermitente[5] era dividida de acordo com a periodicidade em cotidiano, e assim conhecida como terçã, quartã, sendo descrita também por Hipócrates a febre semiterçã, onde sua letalidade em comparação com as demais era notória. Platão, Terêncio, Cícero e outros relatam as mesmas observações feitas por Hipócrates, nas quais parece haver indicação de uma febre com periodicidade.
Nos anos, 129 – 118, antes de Cristo, VARRÃO por observação dos pântanos relata: “se desenvolvem certos animais minúsculos, invisíveis aos nossos olhos, os quais, transportados pelo ar, atingem o interior do nosso corpo através da boca e do nariz e causam moléstias que são difíceis de serem eliminadas” (Id.Ibid). Porém, próximo ao ano 100, Colunella não recomenda a habitação nas redondezas de um pântano devido ao fato de que esses “sempre desprendem vapores pestilentos e venenosos durante o calor e nesses se criam animais armados de ferrões traiçoeiros que voam sobre nós em grandes enxames (...) que transmitem muitas vezes moléstias ocultas, moléstias cujas causas mesmo os médicos não podem compreender perfeitamente”. (Id. Ibid)
Tempos se passaram e, gradativamente, houve uma tendência a se dar explicações mais racionais, para estas moléstias miasmáticas, e para os quais gregos e romanos formularam hipóteses etiológicas[6] que diziam respeito a febres intermitentes com os terrenos pantanosos, a água dos pântanos e seus vapores, juntamente com os aspectos estacionais e topográficos da doença, marcando o início da epidemiologia em Roma.
Por mais de 1500 anos, a malária foi uma das principais causas de morte da população, principalmente na Roma antiga. Pois, não tinham os avanços necessários da medicina nesta época que permitisse conhecer a fundo as causas, a epidemiologia da infecção, para então, implementar alternativa eficaz para amenizar as perdas humanas e econômicas. No entanto, a evolução da incidência da malária e sua dispersão no mundo, foram mais rápidas e, estão inerentes as colonizações e a fixação de moradia próxima a rios e igarapés, em pequenos povoamentos.
Conhecer as causas e a “etiologia” demorou bem mais tempo, só se conseguindo no final do século XIX, especificamente em 1880, quando o médico do exército Francês Charles Louis Alphonse Laveran, trabalhando na Argélia, foi o primeiro a observar e descrever parasitas da malária no interior de glóbulos vermelhos humanos. A partir de então, se conheceu a causa da enfermidade e as definições quanto às espécies parasitárias da malária.

2.1 As fases históricas do combate à malária no Brasil

No Brasil, a malária é objeto de preocupação das autoridades sanitárias desde o século XIX, passando por várias estratégias de combate. Os registros indicam que, em 1889, já se regulamentava os serviços de saúde dos portos para o combate as endemias. Osvaldo Cruz, médico sanitarista foi considerado como um dos principais pesquisadores, sendo uma das autoridades sanitárias de referência das atividades de combate ao mosquito e de várias estratégias de ação de sua época.
No início do século XX, começavam-se os estudos, objetivando definir procedimentos destinados a proteger às populações residentes em áreas de transmissão da malária.
Os registros indicam que, em 1889, já se regulamentava os serviços de saúde dos portos para o combate as endemias. (MS, 2006)
Na época da segunda grande guerra, uma preocupação tomou conta dos governantes em relação à saúde, à necessidade de alternativas para manter erradicado o mosquito era evidente e urgente. Considerando que as tropas de ambas as alianças, sofreriam baixas em consequência da doença, nesse momento entra em sena o pesticida DDT, para aplicar nas paredes das casas e matar o mosquito que fosse repousar, paralelo a esse trabalho. Recomendava utilizar quinino como profilaxia das pessoas ‘sãos’ e, anos mais à frente o sulfato de cloroquina, que passou a ser empregado em larga escala pelos ricos, pois o acesso a esta droga não estava ao alcance de todos.
Do ponto de vista conceitual, há consenso a respeito de que os problemas representados pela malária já não comportam mais soluções que estabelecem para todas as situações endêmicas, um único conjunto de objetivos, estratégias e ações de combate.
A experiência do esforço de erradicação demonstrou que diferentes situações demandam o estabelecimento e a aplicação de distintos objetivos e medidas de controle e que elas devem estar ajustadas às características epidemiológicas e entomológicas da endemia, em cada local onde a malária se transmite.
Em outubro de 1992, em Amsterdã, na Holanda, a conferência interministerial patrocinada pela OMS, recomendou a adoção de uma nova estratégia global de luta contra a doença, com base na realidade epidemiológica e social local, com incorporação de outras medidas de controle adequadas a cada situação, ação multissetorial para redução de influência de fatores de risco de natureza socioeconômica, cultural, política e ecológica e participação ativa da população em geral.
O principal objetivo da luta contra a malária passa a ser o homem e não mais o mosquito, na medida em que se busca primeiramente prevenir os casos graves e as mortes causadas pela doença. O Controle Integrado da Malária, como uma ação conjunta do governo e da sociedade dirigida para a eliminação ou redução dos riscos de morrer ou adoecer de malária, é a nova orientação da luta contra a doença adotada pelo Brasil em consonância com as recomendações da Conferência de Amsterdã.
O princípio estratégico fundamental das ações de controle da malária no Brasil consiste na adoção do diagnóstico precoce e no tratamento imediato dos casos da doença, prática geral do controle e na escolha seletiva de objetivos, estratégia e métodos específicos de combate, ajustados a características particulares de transmissão, existentes em cada localidade. Em virtude disso, e da diversidade das situações maláricas existentes no território nacional, “torna-se impossível definir objetivos e estratégias válidas para todas as situações e regiões”. (MS, 2006).
Na região Endêmica[7], em função da dificuldade de reduzir os fatores de risco de ordem social e econômica, determinantes da incidência da doença, o que tornaria praticamente impossível a erradicação da endemia na região, surge então, a necessidade de mudança dos objetivos dos programas de luta contra a malária na Amazônia, com consequente alteração das estratégias a serem adotadas.
Além do diagnóstico precoce e o tratamento imediato dos casos, a estratégia do Controle Integrado da Malária prevê a aplicação seletiva de medidas antivetoriais, orientadas para cada área específica que sejam de baixo custo, viáveis para que se possa obter uma eficaz, significativa e permanente redução da densidade de anofelinos de uma determinada área.
As medidas antivetoriais disponíveis compreendem o manejo ambiental, o tratamento químico do domicílio (borrifação intradomiciliar com inseticida de efeito residual), o tratamento químico de espaços abertos que compreendem as borrifações espaciais com aplicação de inseticida a Ultra Baixo Volume (UBV) e nebulizações térmicas (fumacê), além do tratamento dos criadouros.
É importante ressaltar que todas essas medidas têm grande aplicabilidade no controle de vetores quando indicadas com absoluta precisão. A avaliação entomo-epidemiológica é de grande importância na seleção e indicação nas medidas a serem utilizadas.

2.2  Epidemiologia da malária na região amazônica

No tocante a doença, a malária divide o território brasileiro em duas áreas: A região Amazônica constituída pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e a região extra-amazônica constituída pelos demais estados da federação.
O Histórico da malária na região amazônica tem o Estado do Pará como um dos principais responsáveis pela incidência de casos, causado pelos projetos de grande impacto na natureza. Construção de estradas, como: Transamazônica e Cuiabá/Santarém, barragem de Tucuruí, projeto Jarí, na década de 1960 e 1970 que transformaram o meio ambiente e, proporcionaram a migração predatória, atraindo pessoas de todas as regiões brasileiras, conforme mostra as ilustrações abaixo:
Concomitante, aos projetos de “desenvolvimento” da Amazônia e do Pará, não se pode esquecer que a atividade garimpeira, contribuiu sobre maneira com esses números. Em dias atuais, juntamente com os projetos de assentamentos e a garimpagem é das atividades que tem a maior relação com a circulação e transmissão da doença no Estado e no município de Itaituba.

 Dos 143 municípios do Pará, até o ano de 2002, 32 representavam 65% dos casos e estavam classificados como prioritários em parâmetro de avaliação do Ministério da Saúde.  Em 2007, apenas 15 destes municípios se inclui nesta referência por seu elevado número de casos no ano; destes Itaituba, classifica-se em quarto lugar, que para o MS, o considera como de alto risco, sendo prioritário para ação de controle. (MS, 2008).
O mosquito da malária não representa apenas perigo e ameaça a saúde do povo que mora, trabalha ou visita a Amazônia brasileira. Segundo os músicos: Armando de Paula e Eliakin Rufino, ele tem sua função e importância ecológica, na preservação do meio ambiente. Inibindo a agressão da selva pelo predador natural que é o homem. A música abaixo retrata o pensamento do autor referente ao assunto.

Hoje quem defende a Amazônia, é o mosquito da malaria, se não fosse esse mosquito, a floresta virava palha, salve, salve, salve ele, viva a sua febre incendiária, o maior ecologista da Amazônia, é o mosquito da malária, não adianta a SUCAM, jogar DDT na sua área, super defensor da Amazônia, é o mosquito da malária (RUFINO, 2008)
             
2.3   Histórico da malária no município de Itaituba

O município de Itaituba está Localizado na região Sudoeste do Estado do Pará, com área territorial de 65.565 km2 e população de 118.403 pessoas, (IBGE 2007). Em dados recentes, o Diário Oficial da União, em publicação do dia 29/08/2008 estima que a população do município para 2008 seja de 124.868 pessoas. (DOU, 2008).

A economia atual é bastante diversificada, baseada na extração mineral, na indústria madeireira, na agroindústria, na agricultura familiar, no comércio formal e informal, através dos servidores públicos, aposentados do INSS e de outras atividades correlatas.
A História da malária[8] no município de Itaituba com maior expressividade começa por volta da década de 1950, com a chamada “corrida do ouro” nos garimpos do Rio Tapajós e seus afluentes. Por quase um século desde a sua fundação em 1856, a cidade de Itaituba, apresentava ser uma pequena vila, pacata e não representava preocupação e notoriedade na dinâmica da transmissão da doença.
O fluxo migratório que se inicia com a febre do ouro na década de 1950, se intensifica com abertura das rodovias federal BR 163 e 230, incluem-se também a estrada Transgarimpeira que corta quase 200 quilômetros de selva, margeando os garimpos, permitiu e facilitou o acesso e a vinda de pessoas de outras regiões do país, em busca de novos horizontes.

Segundo o Sr. Manoel Lauro Lajes de Mendonça (In Memorian), quem adoecia de malária por volta do ano de 1967, valia-se de remédios caseiros ou da prescrição do balconista da farmácia para se tratar, pois não tinha atendimento publico gratuito, só na cidade de Santarém, que nessa época ainda não tinha transporte regular neste trecho e demoravam em média três dias em pequenas embarcações para chegar lá.
A assistência aos doentes de malária no município era precária ou inexistente até inicio da década de 1980. A partir da referida data a SUCAM, Órgão oficial responsável pelo combate às endemias, começa a se estruturar e instala o primeiro laboratório para diagnosticar a doença e realizar o tratamento dos doentes. Situado à Avenida Getulio Vargas 137, funcionava o hospital do SESP, em data anterior.
Segundo o agente de saúde Herculano dos anjos pereira, um dos mais antigos em atividade, nos confirma que: toda estrutura que passou a funcionar aqui em Itaituba, como pessoal, equipamentos, transportes e os insumos que se utilizava vinham do Distrito da SUCAM, da cidade de Santarém, que fazia a cobertura da assistência de toda região. A primeira equipe a ser formada no município data do ano de 1985, através de concurso público, realizado pelo DASP que era um órgão que fazia esses concursos do governo naquele tempo.
O trabalho que as equipes realizavam tinha como objetivo erradicar a malária, matando o mosquito, utilizando o DDT, impregnando nas paredes das casas com equipamentos de aspersão.
Afirma também, Getúlio Ferreira de Souza, agente de saúde que trabalhava na função de piloto de voadeira, para cumprir a programação do semestre sofriam muitas dificuldades e privações, não só pela falta de alimentos e insumos básicos e dos equipamentos sem condições de operacionalização. Más, também pela situação íngreme que enfrentavam, subir cachoeiras e corredeiras no alto Rio Tapajós, em voadeira com canoa frágil e pequena, correndo risco de vida. E que, num certo momento quando do retorno da área de trabalho, estavam com a hélice da voadeira avariada a alternativa foi o improviso, confeccionou uma hélice de madeira para permitir o retorno. Naquela época na região não tinha telefone, a comunicação se limitava a poucos rádios amadores na zona rural para solicitar peça de reposição ou ajuda da SUCAM.
Com a formação da primeira equipe de agentes de Saúde de Itaituba para o combate a malária no Polo, pois outros municípios também, como Aveiro, Rurópolis e Placas, eram cobertos por essa mesma equipe. Em parceria com a turma que vinha de Santarém, em torno de trinta pessoas. Nesta época, a malária não dava trégua e o trabalho era voltado para matar o mosquito. O homem ficava em segundo plano, filas enormes se formava que dobrava a esquina do Samuca só para fazer a lâmina ou “furar o dedo” como algumas pessoas costumam falar.
Neste período também tinha muita gente de fora por aqui, dos garimpos tiravam muito ouro, os aviões fazia fila pra decolar no aeroporto e pousar, pois, a cada minuto estava chegando outro avião.
Preocupado com a grande incidência de casos da malária, o governo Sarney, no ano de 1986, deflagrou uma campanha que ficou denominada como: “Operação Impacto” essa ação ocorreu de outubro a dezembro, daquele ano. E contou com parte do efetivo do Exército, Marinha e Aeronáutica, somando-se a força civil que existia, forma-se um pelotão de pelo menos 300 pessoas, com poder de fogo para eliminar o transmissor da doença. No quadro abaixo a estrutura utilizada na operação.
A rede de laboratórios e assistência aos pacientes limitava-se a cinco laboratórios, distribuídos da seguinte maneira: na sede do município, em Moraes Almeida, Novo Progresso, Cuiú-Cuiú e o último no garimpo Pista Eldorado, que dariam o suporte ao exame das lâminas coletadas em campo pelas equipes da operação.
A Estrada Transgarimpeira, que fora construída pela Caixa Econômica Federal visando o controle da compra do ouro no ano de 1984, liga o Distrito de Moraes Almeida a Crepurizão, povoado a 92 quilômetros, dentro da selva. Teve uma grande contribuição, tanto, com a produção do ouro, pois, vários garimpos encontram-se nas suas margens, como também com a malária. Permitindo o acesso via transportes terrestres que antes só era possível de avião ou como diz o garimpeiro, “varando”, levando vários dias para chegar ao destino.
Terminado o período previsto da Operação Impacto, o saldo da ação de acordo com os relatos e avaliação do servidor Claudeci Silva Costa Nascimento, o custo não pagou os benefícios e o que ficou foi vários equipamentos quebrados, pela inexperiência de seus condutores e a doença continuou da mesma forma como se iniciou o trabalho, assolando as pessoas expostas na área ao risco de adoecer.
A SUCAM, órgão do governo responsável pelo combate às endemias, tinha uma disciplina de adestramento similar ao militar, como prova é que a Canção do Sanitarista, ensinada em treinamento de combate a malária, para que o funcionário pudesse se identificar e abraçar a causa com afinco e nacionalismo. 
No ano de 1987, o governo federal amplia a equipe de combate às endemias, ofertando 100 vagas para Itaituba, para o recente criado cargo de Guarda de Endemias, também conhecido como “mata mosquito”. Através de um contrato temporário de três meses, como a procura era pequena não se completou a totalidade das vagas, no período predeterminado. Sendo necessária a sua prorrogação para completar o quadro, naquele tempo às pessoas que vinham em busca de trabalho não queriam saber de ser empregado, preferiam ir para o garimpo, dizia alguns que o salário era pouco e ainda por cima atrasava o pagamento, e que no garimpo ganhavam-se muito mais do que como assalariado. 
Em dezembro de 1990, o então Presidente da Republica Fernando Afonso Collor de Melo, suprimiu as siglas: SUCAM e SESP, e criou a FNS, Fundação Nacional de Saúde, que mais tarde em 1988 passaria a sigla FUNASA, sem mudança do significado.
Com o advento da conferência, interministerial em Amsterdã na Holanda em outubro de 92, as estratégias de combate à malária no município segue outra metodologia. “Deixa-se o mosquito em segundo plano e o homem passa a ser a prioridade”. Através de: diagnóstico precoce do doente, tratamento imediato, educação em saúde, participação comunitária, controle seletivo de vetores, controle integrado das ações, e que conveniados e não conveniados no âmbito dos SUS, estão inseridos no processo de controle da malária.
Em Julho de 1999, obedecendo ao protocolo do controle integrado ocorre a descentralização da estrutura da saúde, passando do governo federal, para estado e municípios. Onde a FUNSA, para cuidar apenas da saúde das populações Indígenas, Quilombolas e, Ribeirinhos. As portarias do ministério da Saúde, nº 1.399 de 15 de dezembro de 1999, define os critérios e as competências em relação a este processo de gerência. A portaria nº 1172 regulamenta a política de investimentos. Cabendo as Secretarias Estadual e Municipal de Saúde conduzir o controle de endemias, e demais agravos visando à municipalização definitiva. Que em data atual, praticamente todos os serviços de saúde é da competência direta do município, tendo o a SESPA, como parceira e de ação complementar.   

2.4   Epidemiologia da malária no municipio de itaituba

A malária, ainda hoje, é uma das doenças mais prevalentes no globo terrestre, ocorrendo em cerca de 100 países, principalmente na faixa intertropical. Quarenta por cento (40%) da população mundial está sob algum risco de contrair malária. (OMS, 2004)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a malária o maior problema de saúde pública em muitos países, principalmente naqueles em desenvolvimento. Estima-se que cerca de 300 a 500 milhões de pessoas sejam infectadas a cada ano, sendo os países da África responsáveis por 90% destas pessoas. A mortalidade é bastante expressiva e chega a ocorrer mais de um milhão de óbitos, principalmente em crianças menores de cinco anos e gestantes. (Id. Ibid)
Conceituar a malária não é uma tarefa muito simples, em função de sua dinâmica, mas podemos caracterizá-la desta forma. “Doença infecciosa, de evolução aguda, causada por um protozoário do gênero plasmódio, transmitida ao homem por mosquito fêmea do gênero anófeles e, caracterizada pela exposição das pessoas ao risco de adoecer”.
A malaria é uma doença de notificação compulsória, de diagnóstico: laboratorial, clinico e epidemiológico e, da assistência básica dos serviços de saúde. Apresenta ser uma doença um tanto negligenciada pelas autoridades do SUS - Sistema Único de Saúde. Demonstrada pela pouca notoriedade e expressividade na mídia de um modo geral. Mas que causa grandes perdas socioeconômicas aos enfermos e ao país, e levando se em conta que o plasmódio falciparum evolui para um quadro clinico grave e complicado, o paciente pode falecer em poucos dias. 
No programa de cadastro de localidades, SISLOC sistema de localidades, que serve para base de avaliação de todas as endemias, o município de Itaituba possui em seu banco de dados 932 localidades, 34.638 imóveis, destas localidades, 416 apresentaram casos de malária no ano 2000, representando 44,6% de positividade de todas as localidades.                                  
No ano em curso até a data de 31 de outubro 342 localidades, apresentaram notificação de casos. Sendo 96 destas localidades da categoria garimpo, com um porcentual de positividade 28% das localidades positivas. (SIVEP/SISLOC, 2008).

No gráfico a seguir: comparativo anual da incidência de positividade autóctone, dos anos: 2000 a 2008.
De características e peculiaridades favoráveis para proliferação do transmissor, como para a circulação do plasmódio, a localidade: Água branca, garimpo apresenta dados de 2008, prevalência de 42,9%, da espécie falciparum. Possibilitando o aparecimento de casos grave da doença, e o risco de morte.    
O contingente de pessoas envolvidas no processo de construção do SUS seja através das entidades representativas da sociedade, gestores, profissionais, fazem deste um momento importante na história da saúde brasileira. Somos hoje, sem dúvida, o maior movimento social e cujo objetivo é construir um modelo de saúde que atenda a todas de forma eficiente e eficaz. (MS, 2006)
                
3 FATORES QUE CONTRIBUEM COM A TRANSMISÃO DA MALÁRIA
Espécies de malária que acometem os humanos no mundo: malária vivax; malária falciparum; malária Malariae e; malária Ovale. A espécie Ovale, não se encontra no Brasil, esta espécie predomina na África. A espécie Malariae, por sua sensibilidade a cloroquina tem pouca incidência no município. As espécies, Falciparum e vivax são as espécies predominantes, com uma pequena elevação do plasmódio vivax em relação à Falciparum. Porém o plasmódio falciparum em alguns garimpos tem maior incidência. Nesse caso o risco de ocorrer malária grave é muito maior, por se tratar da espécie considerada como “maligna.” Com a vivax geralmente não evolui para esse quadro.  
O homem é o principal reservatório da doença, podendo ficar por anos com o plasmódio vivax e Ovale alojado no fígado. Formas latentes tecnicamente chamadas de Hipnozita e, se manifestar após anos da infecção primária. Esta forma causa as recaídas, do vivax no Brasil. Macacos superiores podem albergar o plasmódio Malariae, más, não há comprovação de transmissão deste para o homem até o momento.          
Fatores de risco primários: são os relacionados com a transmissão natural, homem doente X mosquito X homem são. Compõem os três elos, da cadeia de transmissão. Se um deles faltar na haverá malária. Conforme a ilustração a seguir, apresentando os componentes da transmissão.
3.1 Estrutura física para assistir os doentes de málaria no munícipio em 2008.
A estrutura física para o atendimento de Itaituba que atende os casos de malária. Localizados em vinte e sete unidades de saúde, dessas somente em funcionamento vinte e um, zona urbana apenas quatro unidades, e as demais na zona rural. Com funcionamento diários de segunda a sexta, das 7:h30 as 17:h30, as quatros unidades na sede, nos bairros: 01 Bom Remédio e 03 no bairro Liberdade.
O setor de endemias fica localizado nos fundo do Hospital Municipal, onde o funciona o Laboratório de Revisão que consiste em fazer o controle de qualidade de  diagnóstico, revisar 100% das lâminas positivas e 10% das negativas, vinda dos laboratórios de campo. Ao final de cada mês esse material revisado segue para o LACEN, Laboratório Central em Belém, fazer nova revisão. O laboratório também realiza a manipulação e distribuição de todos os reagentes que se utiliza na rotina dos laboratórios.
Há também o laboratório de entomologia que realiza atividades de estudos e pesquisas inerentes a biologia dos insetos. Com importância entomo-epidemiológica, das doenças endêmicas. Como: malária, dengue, Leishmanioses, doença de chagas e outras. Concernente as formas imaturas e aladas.
Os demais laboratórios da zona Rural totalizando dezessete unidades distribuídas em localidades estratégicas. Na tabela a seguir Localização desses laboratórios.
No tocante as unidades de saúde da zona rural, com exceção dos Laboratórios de: Moraes Almeida, Miritituba e Crepurizão. Todos os outros funcionam de forma improvisada. Em pequenos espaços cedidos pelas comunidades ou particulares e, fora do padrão exigido pelo Ministério da Saúde. Em alguns casos sem o mínimo de conforto, pro paciente e o microscopista.
De acordo com o Controle Integrado da Malária CIM, toda a atenção básica e, conveniados no âmbito do SUS, devem notificar e tratar pacientes da doença. Más, na prática não é bem assim que funciona. Alguns acham ainda, que a malária é um problema da SUCAM, sendo que esta sigla deixou de existir em 1990. A descentralização dos serviços de saúde define a municipalização e as competências das três esferas de governo. 
3.2 Recursos humanos do município
O Sistema Único de Saúde – SUS concentra as suas ações nos seguintes programas PACS, Programa de Agentes Comunitários de Saúde e PSF, Programa de Saúde da família. Segundo a coordenadora do programa 254 Agentes Comunitários de Saúde nos dois programas, sendo, que apenas 120 desse efetivo são lotados na zona zural e, no contexto malária 90% desses agentes moram e trabalham em localidades fora da zona de risco, sua participação no controle da incidência de casos é muito pequena. Mesmo estando todos capacitados para atuar frente a um caso suspeito da doença. O controle direto da malaria depende dos profissionais do cargo de microscopista.
Importante frisar que esta categoria de profissionais, ganhou notoriedade e importância em função da grande contribuição que deram na redução da desnutrição das crianças subnutridas do nordeste brasileiro, na década de 1990. A partir de então, o Agente Comunitário de Saúde, ACS se expandiu para todo o País. Hoje assume uma gama de atividades preventivas priorizando os agravos.
No ano de 2007, a gestão municipal, através de concurso público ofertou 23 vagas para o cargo de microscopista, profissional que lida diretamente com o diagnóstico e tratamento da malária. Amenizou em parte, mas, não resolveu a oferta do serviço de assistência aos doentes. Haja vista, que esses funcionários residem na cidade de Itaituba, os critérios do edital do concurso não previam que os aprovados morassem nas comunidades de circulação e incidência de casos da doença.
Causou grande impasse para os ingressantes, como para a coordenação das endemias do município. A descontinuidade do trabalho na comunidade prejudica as ações de controle, alem do alto custo com deslocamentos desse profissional para a área de trabalho.
A Secretaria Municipal de Saúde, tem se estruturado para assumir de vez essa endemia, executando ações de controle em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde SESPA, com o propósito da descentralização definitiva tem recebido do Ministério da Saúde. Viaturas: 01 carro e 10 motos, exclusivamente para o controle desse agravo. Outros equipamentos como microscópios 06 e 01 grupo gerador.
A incidência dos casos de malária notificados anualmente, conforme se apresenta no gráfico, demonstra regularidade e pouca oscilação no período avaliado. Observa-se, comparando a incidência de casos anual, o ano em curso se continuar com esta tendência apresenta fechar com menor índice em relação aos demais anos avaliados.
4 DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL DA MALÁRIA E SEUS AGRAVANTES

4.1  Projetos de estudos da malária

Projeto de pesquisa voltado para o controle e avaliação da  qualidade e oferta dos medicamentos antimaláricos oferecidos para as pessoas exposta a risco de adoecer, foram e estão sendo desenvolvidos no município.
Projeto, RAVREDA Rede Amazônica de Vigilância da Resistência as Drogas antimaláricas, RAVREDA, criado em 2001. Inicialmente com o propósito de monitorar avaliando a resistência das drogas oferecidas gratuitamente para tratar a doença, em toda região Amazônica. Hoje atua em todos os componentes do programa da malária. Desta rede participam Brasil e outros países da America do Sul, como: Bolívia, Equador, Colômbia, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Coordenado regionalmente pela Organização Pan-Americana de Saúde e é apoiado financeiramente pela United States Agency for International Development (USAID). No Brasil a coordenação está a cargo da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde.  
Vários estudos foram realizados ao longo desses anos, e seus resultados contribuíram subsidiando o Programa Nacional de controle da malária. No tocante a terapêutica empregada e sua eficácia. No esquema da associação de quinina + doxiciclina, por exemplo, realizado nos Estados do Amapá, Amazonas e Pará comprovou-se que a eficácia estava inferior a 90%, do recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Culminando com mudança de esquema e sua substituição, para os derivados da Artemisina. A ser empregado na espécie de malaria Falciparum não grave.  
Estudos de adesão voltados para o plasmódio vivax também foram realizados, com cloroquina + primaquina em sete dias. Os estudos realizados no Pará e Mato Grosso mostraram boa adesão ao esquema. Em torno de 95% das pessoas entrevistados puderam ser considerados aderentes ao esquema. Não sofrendo nenhuma alteração de conduta do esquema. (MS, 2007)                   
A RAVREDA instalou em Itaituba, no setor de endemias da SESPA, em 2005, um minilab, para avaliar a qualidade dos antimaláricos, distribuídos nas unidades de saúde municipal instalados em garimpos. A medicação para chegar a Itaituba tem o seguinte roteiro: sai do laboratório Osvaldo Cruz, Far-manguinhos no Rio de Janeiro onde são produzidos, passa pelo Almoxarifado central da SESPA em Belém, que repassa uma cota para a 9º CRS, sede em Santarém via sedex e, em seguida para Itaituba de acordo com a epidemiologia e notificação de casos do mês anterior. Via barco ou transporte terrestre.
A partir de Itaituba, segue para os laboratórios de campo. Que retornam algumas amostras de lotes diferentes para realizar o teste de eficácia. Dos testes realizados em Itaituba em 2006 e 2007, para comprovar eficiência de ação, apresentaram condições satisfatória de uso. Apesar da maratona, por qual passa as drogas até o destino final, seja pela alta temperatura e outros fatores, não sofreram comprometimento na qualidade. Maio de 2007, o minilab que só existe duas unidades no país, Macapá e Itaituba. Em maio de 2007, o minilab de Itaituba foi desativado por motivos técnicos.
O funcionamento do minilab, que saiu de Itaituba hoje concentra no Instituto Evandro Chagas em Belém, IEC. Quando necessário realizar quaisquer avaliação dos antimaláricos quanto a sua eficácia as amostras são encaminhadas para o referido Instituto.
Outro Projeto em atividade na região, voltado para o controle da malária, diz respeito a Estudos Moleculares e Imunoepidemilógicos desenvolvido pela Universidade Federal do Estado do Pará (UFPA) sede em Belém, coordenado pelo Dr. João Guerreiro e sua equipe de pesquisadores, em parceria com os municípios de abrangência da BR-163, Itaituba, Novo Progresso, Jacareacanga e Trairão com finalidade de descobri os fatores genéticos do hospedeiro humano que participam dos mecanizamos de proteção inata e específica da malária, e que possam resultar em novas estratégicas para tratamento dos infectados e sua prevenção.
O Projeto é financiado pelo CNPq e o MS as etapas de estudos iniciaram em de 2007. Porém ainda não se divulgou preliminarmente os resultados das informações coletadas. Mas, o Projeto em si, apresenta uma grande expectativa, pois, trará uma grande contribuição para o desenvolvimento de nova medidas  para o controle da malária.

4.2 Terapêutica utilizada no combate a malária.

Vários esquemas terapêuticos são padronizados pelo MS e utilizados para tratamento radical dos pacientes acometidos por diferentes espécies parasitarias da malária. Tais como associação de comprimidos de cloroquina com 150mg associados a comprimidos de primaquina com15mg adulto e 5mg infantil, essa associação de comprimidos cura o doente acometido por malária vivax, em sete dias ininterruptos de tratamento. Malária sem complicação.
Espécie como falciparum o esquema recomendado de primeira escolha é associação de comprimidos dos derivados de artemisenina: arthemeter+lumefratrina 140mg com o nome comercial coartem. O seu uso é oferecido via oral, com intervalo de oito a doze horas em três dias de tratamento, recomendando ao doente alimentar-se antes de sua ingestão.
Para o plasmódio Malariae, utiliza-se apenas a cloroquina 150mg em três dias, por se tratar de uma espécie ainda sensível a esta droga não carecendo associação a outros antimaláricos ou antibióticos.
Para o tratamento dos casos graves e complicados mais comum acontecer com a espécie Falciparum, a conduta terapêutica recomendada, fica a critério medico tendo como medicamentos os derivados de Artemisina injetáveis como primeira escola, em quatro dias de tratamento.    
Vale ressaltar que os esquemas e a conduta terapêutica que se utilizam para o tratamento da malária obedecem a critérios de faixa etária, peso e idade orientados e determinado pelo Ministério da Saúde.

                               4.3 Diagnóstico laboratorial da malária

Para diagnosticar um caso de suspeita de malária, primeiramente a entrevista e a notificação em modelo próprio de sivep, com profissional da atenção básica, ou pessoa treinada para tal, em seguida é realizado a assepsia do dedo em algodão embebido com álcool, com lanceta picadora pontiaguda, específica, o paciente sofre uma picada seca no vasto lateral do seu dedo indicador da mão esquerda, com uma lamina de vidro devidamente limpa, absorve duas gotas de sangue e espalha, aguarda a secagem do sangue, e começa o processo de desemoglobinização, ou seja, utiliza os reagentes químicos  básicos como giemsa e azul de metileno.
Após sete minutos nesse reagente de coração, estará pronto para ser feita a leitura pelo microscopista em visualização microscópica das hemácias. Finalizando, em aproximadamente em trinta minutos todo o procedimento. Apresentado um resultado positivo ou negativo para a malária. Este é o método da gota espessa utilizado na rotina do serviço de saúde do controle da malária, recomendado pelo Ministério da Saúde em função da sua eficiência e baixo custo.

                            4.4 Imunotestes

Os imunotestes são testes rápidos para diagnosticar o caso de malária através de reações antígeno-anticorpo, feito com gota de sangue de pessoas suspeitas colocadas em fitas sensitivas de nitroceluloses impregnadas com anticorpos monoclonais específicos dos plasmódios. O resultado é mais rápido e prático ideal para regiões remotas onde não há laboratórios instalados, dispensando o uso de energia elétrica, o uso de microscópico e do profissional microscopista capacitado e a demora do resultado são menores.
A desvantagem no uso dos testes rápidos é que são importado de alto custo e cotado em dólares, o resultado não apresenta a quantidade em cruzes, que é um parâmetro de avaliação da gravidade da enfermidade no homem. Inviabilizando o uso em larga escala no país.

                             5 METODOLOGIA E PESQUISA

5.1 A pesquisa de campo

A pesquisa, nesta monografia, é uma pesquisa de campo, qualitativa, cujas técnicas empregadas consistem, na coleta de dados, bibliografia referente à temática, fontes orais, aplicando um roteiro semi-estruturado junto à paciente que já contraíram a malária no município.
A investigação qualitativa trabalha com valores, crenças, hábitos, atitudes, representações, opiniões e adéqua a aprofundar a complexidade de fatos e processos particulares e específicos a indivíduos e grupos. A abordagem qualitativa é empregada, portanto, para a compreensão de fenômenos caracterizados por um alto grau de complexidade interna.
Isto posta cabe apresentar as características particulares apresentadas pela investigação qualitativa. O universo não passível de ser captado por hipóteses perceptíveis, verificáveis e de difícil quantificação é o campo, por excelência, das pesquisas qualitativas. A imersão na esfera da subjetividade e do simbolismo, firmemente enraizada no contexto social do qual emergem, é condição essencial para o seu desenvolvimento. Através dela, consegue-se penetrar nas intenções e motivos, a partir dos quais ações e relações adquirem sentido. Sua utilização é, portanto, indispensável quando os temas pesquisados demandam um estudo fundamentalmente interpretativo.
Haja vista, que a pesquisa de campo está voltada ao grupo de pacientes e demais pessoas que se encontram em áreas de risco de contrair a malária. Para compreender os aspectos sociais do efeito dessa doença nos moradores do garimpo Água Branca, e dos laboratórios instalado no centro de Saúde do Bairro Bom Remédio e do Hospital Municipal. Para tanto um questionário semi-estruturado foi aplicado, com perguntas onde a finalidade principal e descobri se os depoentes possuem os conhecimentos formais sobre a prevenção contra essa enfermidade, e, se participam de reuniões comunitárias, palestras, campanhas que tratam do assunto proposto.


5.2 Depoimentos de moradores com suspeitas de málaria.

Na realização dos depoimentos os participantes são moradores do garimpo Água Branca, que fica a 415 km, distante da sede do município, pelo alto índice de casos gerado nessa comunidade, e principalmente neste ano, e também com usuários que buscam atendimento nos laboratórios do Centro de Saúde do Bairro Bom Remédio e do Hospital Municipal, no tocante a contraírem a malária.
Foram ouvidas trinta e sete pessoas no período de 10 a 20 de outubro do decorrente ano, na faixa etária entre 10 e 56 anos, e a maioria não tem o ensino fundamental completo, todos relataram que já contraíram mais de uma vez a dita doença, chegando alguns até mais de quinze vezes, e os que residem em área de risco, o numero é ainda maior,  um dado alarmante, segundo a OMS.
Perguntados sobre as espécies de plasmódio da malária que mais conheciam e contraíram as mais citadas pelos depoentes foram a Falciparum e Vivax, ficando assim, entendido que quase todos já apresentaram o caso das duas espécies.
Indagados se quando estão com sintomas da malária buscam de imediato o atendimento médico, a maioria afirmou que sim, que busca socorro médico devido o efeito da doença, somente aqueles que moram no Garimpo Água Branca, que expuseram que pela falta de transporte às vezes não procuravam o atendimento, e esperavam ajuda pela SUCAM para evitar a ida para sede da cidade.
Outra questão, se quando doentes seguem as instruções até o final do tratamento, todos confirmaram que obedecem e tomam os medicamentos sugeridos. Mesmo considerados por alguns como ruim. Também perguntados quais os sintomas que mais lhes apresentam, várias foram citados como: Febre, dor de cabeça, inflamação no fígado, fraqueza, tonturas, falta de apetite, vômitos, calafrios, distúrbio mental, cansaço, dor no corpo, diarréia, gastura, dor na urina, visão atrofiada e enjôo. No caso, da malária falciparum responsável pelo quadro grave da doença pode até afetar o cérebro, citado como o distúrbio mental, podendo levar o doente senão tratado a óbito.
Quando adoecem a maioria responderam que não toma remédios sem o diagnostico do laboratório, mais há quem faça a automedicação, usando drogas não recomendas pela terapêutica oficial, comprando em farmácia, pois não agüentam esperar o resultado do exame, também, alguns os declararam que usam remédios caseiros, com chá e garrafadas, mais um número considerado não acreditam nesse tipo de farmacologia.
Questionados sobre que tipos de métodos de prevenção contra o mosquito transmissor da malária que eles mais utilizam: o uso do mosquiteiro; o repelente; evitar áreas de açude pelo fim do dia; tomar cachaça; usar roupas longas para dormir; uso de baygon; tela protetora na casa para evitar a presença do mosquito; e uso de remédios caseiros (pila-contra) e outros. Mesmo conhecendo todos estes tipos profilaxia, fica claro que na prática não tais métodos preventivos não está sendo usados pela maioria e como devem. Muitos citaram o uso do mosquiteiro, no entanto, o seu uso não é freqüente e não gostam.
Ainda que alguns dos tipos de métodos citados pelos informantes não sejam comprovados cientificamente na prevenção. No caso, da cachaça, pila-contra, não é recomendado como medidas preventivas pelo Ministério da Saúde.
Indagados sobre a assistência ofertada pelo poder público no combate a doença, a maioria respondeu que o serviço é bom, no entanto, no atendimento no garimpo Água Branco, sofreu critica por devido o horário de atendimento no local, haja vista, que o laboratório local, funciona somente em horário diurno. Mas uma minoria não acha bom o serviço ofertado.        
Ao perguntar aos depoentes, sobre a participação dos mesmos, em reuniões comunitárias, palestras, campanhas publicitárias, sobre a prevenção e controle da malária, todos sem exceção, afirmaram que não participam de nenhuma  atividade de prevenção da doença. E a quando perguntado qual é órgão responsável pelo controle de endemias, principalmente a malária, a maioria responderam que a SUCAM, e alguns a FUNASA, e um dos entrevistados cita apenas o Posto de Saúde.
Com a descentralização dos serviços de saúde, a partir de 1999, portaria ministerial nº 1.399 de 15 de dezembro de 1999, passa a ser de competência do Sistema Única de Saúde, sendo que ação de controle da malária está contemplada na atenção básica dos serviços de saúde, compreendendo a rede publica e conveniados no âmbito do SUS. 
Ao interpretar as respostas, dos entrevistados, percebe que a maioria mesmo afirmando que os serviços prestados dos órgãos no tocante a prevenção do combate da malária sejam bons, todos confirmam que nunca participaram ou assistiram campanha publicitária sobre a temática. E os índices continuam elevados  e no município. Por falta de campanhas que integrem a comunidade numa participação significativas e eficaz para manter o controle social da doença.
O homem não pode se dissociar da natureza, diante disso é possível uma convivência pacífica e harmoniosa com os insetos, desde que a natureza não esteja em desequilíbrio, particularmente com anofelino, transmissor da malária. Se o homem adentra o habitat dos insetos e este está sadio. Não haverá a circulação do plasmódio ou do agente etiológico. Consequentemente a dispersão da doença não ocorre.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A elaboração dessa monografia é um inicio para uma discussão acadêmica sobre o contexto sócio-histórico da malária no município de Itaituba, no que tange a métodos preventivos e de combate eficaz da dita doença, e como o poder público tem agido com ações de controle dessa endemia.
A malária causada por um protozoário do gênero plasmódio transmitida às pessoas através do da picada do mosquito anofelino fêmea infectada. E desde os primórdios causa perda socioeconômica às sociedades em desenvolvimento. Porém os antigos filósofos recomendavam que não houvesse habitação em próximas aos pântanos, pois segundo eles, vapores pestilentos causavam moléstias, que mesmos os médicos não sabiam explicar.
Mas somente no século XIX, o médico franceses Charles Louis Alphonse  Laveram, ficou conhecido pela descoberta da causa da malária, pelo uso de microscópio e estudos que identificava protozoário, o agente dessa doença  que assolava a sociedade até então.
No Brasil até a década de 1940, a malaria era frequente na região nordeste e sudeste, devido à concentração populacional serem maior nessas regiões, tendo como o principal vetor anófeles gambiae vindo provavelmente da África Tropical, carecendo por parte do governo um enorme esforço e apoiado pela Fundação Rockfeller para erradicar este mosquito.
Com as políticas adotadas de ocupação da Amazônia pelos governos militares a partir da do inicio da década 70, com abertura da Transamazônica e dá Santarém Cuiabá, construção da hidrelétrica de Tucuruí, e os outros projetos de grandes portes, desencadeou um processo de migração desordenado, culminando com a dispersão de doenças e agravos como a malária.
Com aceleração da atividade garimpeira no município de Itaituba, e a povoação de áreas de risco, abertura de grande clareira e desmatamento para atividades auríferas e agrárias. Possibilitaram surto e epidemias incluídos a malária, levando a óbitos a muitos.   
Desde então, as políticas públicas e estratégias voltada para a erradicação do mosquito através de praguicidas como o DDT, deixando o homem em segundo plano e também uma forte agressão a natureza, não se alcançando os objetivos de esperados. O que se saber hoje a respeito dessas atividades nessa época, que parte dos funcionários que impregnaram as casas com este produto, estão intoxicados e com a ação de reparo a saúde na Justiça Federal.
Nos dias atuais a malária continua sendo um problema de epidemiologia e aspectos sociais, causando perda socioeconômica ao município. Tendo em vista que a mesma está dispersas em toda região de garimpagem, tanto na zona Transgarimpeira com a Bacia do Tapajós e seus Afluentes. Portanto, trata-se de uma doença epidemiológica de grande abrangência em Itaituba.
Os seus aspectos sociais estão presentes no agir, no pensar, no sentir, dos moradores em áreas de risco, com maior incidência da malária. Nos dados coletados, as pessoas com entre os 20 e 40 anos são os mais acometidos pela doença, deixando claro, os que estão nessa faixa etária, são os que ocupam a cadeia produtiva, como a garimpagem e em menor proporção o que trabalham na agricultura familiar.
Diante dos dados coletados da situação epidemiológica de: 2000 a 2008, período avaliado para esse agravo, e, até mesmo para uso dessa pesquisa. Constatou-se que em média anuais mais de seis mil pessoas adoecem por malária, na sua maioria de baixo poder aquisitivo, e que vivem em condições precárias e degradantes, com pouca ou sem nenhuma instrução de ensino. Caracterizando a doença como negligenciada.
Nos depoimentos colhidos nessa pesquisa, constata-se que os moradores expostos possuem os conhecimentos básicos de tipos e métodos de prevenção contra a malária,  mas, no entanto, não os praticam no seu cotidiano.
No entanto, as políticas públicas voltada para a o controle de doenças endêmicas e epidemiológicas no município de Itaituba não tem contemplado as pessoas que estão em áreas de risco de incidência da malária, com palestras, campanhas educativas, e a política de saúde em educação.
Portanto, são necessários maiores investimentos com estruturação dos serviços de saúde, como: A implantação de unidades de saúdes nas áreas de riscos a expansão do programas de Agente Comunitário de Saúde – A.C.S, visando ofertar melhor qualidade de serviço e por conseguinte, proporcionar melhor qualidade vida. Sabendo-se que só através de políticas de educação em saúde, com métodos de prevenção mais eficaz de ser compreendidos pelos populares. Na tentativa de um controle da malária sistemático, conforme o pensamento e opinião em relação às medidas que devem ser implementadas nessa incansável luta contra os problemas sociais que nos afligem.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério de Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde Epidemiologia e serviço de saúde: volume 15 – nº.  03  Julho a setembro de 2006

BRASIL, Ministério de Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde Epidemiologia e serviço de saúde: volume 15 – nº. 4 outubro a dezembro de 2006

BRASIL, Ministério de Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde Manual de terapêutica da malária, Ministério da Saúde, Fundação Nacional de Saúde 2001.

BRASIL, Ministério de Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde Plano de intensificação das ações de controle da malária na Amazônia Legal: 2ª. Edição Editora MS – Brasília DF 2004.

BRASIL, Ministério de Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Ações de controle da malária: manual para profissionais de saúde na atenção básica.  2ª Edição: Editora do Ministério da Saúde, 2006.

BRASIL, Ministério de Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Epidemiologia e serviço de saúde: volume 14 – nº.  4 outubro / dezembro de 2005

CLEARY, David. A Garimpagem na Amazônia – Uma Abordagem Antropológica. Tradução de Virgínia Rodrigues Malm, do original inglês “Anatomy of the Amzon Gold Rush” de 1990. Edição Brasileira: UFRJ, 1992.

FAYAL, Arnaldo da Silva. Monografia do Curso de Especialização de Malariologia Cuiabá/ 1993

RUFINO, Eliaquim. Musica: Mosquito da Malária. CD, III Conferência Municipal de Meio Ambiente de Itaituba/PA. 2008.

TOZONI-REIS, Marília Freitas de Campo. Metodologia da Pesquisa. Curitiba: IESDE: Brasília, 2005.

















[1] Graduado em História pela FAI, pós graduando em História, Cultura e Sociedade pela FAT. Avenida Homero Gomes de Castro, nº. 597 CEP: 68.180-250 e-mail: evilsongomes@hotmail.com
² Priscas eras, adj. de tempos passados; antigo, prístino. Aurélio 2002, Nova Fronteira.
³ Ontologia, sf. Parte da filosofia que trata do Ser concebido como tendo uma natureza comum que é inerente a todos e a cada um dos seres § on.to.ló.gi.co adj. Aurélio, Nova Fronteira.
[4] Miasmas sm. Emanação fétida oriunda de animais e plantas em decomposição. Aurélio, Nova Fronteira.
[5] Intermitente, adj2g. Que apresenta interrupções ou suspensões; não contínuo. Aurélio, Nova Fronteira.   
[6] Etiologia, sf. Parte da medicina que trata das causas das doenças. § e-ti:o.ló.gi.co adj.
[7] Endêmico adj. Med. Da natureza da endemia. Endemia sf. Med. Doença que existe constantemente em determinado lugar. Aurélio, Nova Fronteira.      


[8] Malaria, nome italiano de “mal aire”, que significa mau ar ou ar insalubre.disponível em
 <HTTP://pt.wikipedia.org/wiki>. Acesso em, 19 de novembro de 2008     

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