Há cerca de dois anos a International Council on Clean Transportation
(ICCT), uma ONG sediada nos EUA, dedicada a incentivar meios de
transporte ecologicamente corretos, em parceria com a Universidade da
Virgínia Ocidental, resolveu conferir se alguns modelos movidos a
diesel, da Volkswagen, estavam em conformidade com os critérios de
emissão de poluentes do país.
O primeiro veículo
usado, uma BWM X5, passou nos testes, mas ao testar outros dois
veículos, esses apresentaram discrepâncias, emitindo entre 15 a 35 vezes
mais poluentes que o permitido.
Repetidos os
testes, os valores se confirmaram e a ICCT levou o caso à Agência de
Proteção ao Meio Ambiente dos EUA (EPA, na sigla em inglês), que
constatou o maior escândalo da área automobilística da história: a
Volkswagen instalou um software em alguns dos seus modelos, que engana
os medidores de conformidades das agências ambientais.
Encurralada
a empresa usou a tática que o meu pai me ensinou quando eu me metia em
enrascadas e tentava inventar versões para o erro: a melhor desculpa é a
verdade.
Na terça-feira (22), o presidente-executivo da Volkswagen, Martin Winterkorn, confessou que a empresa instalou o software “em
pelo menos 11 milhões de carros com motor a diesel para distorcer os
resultados dos veículos em testes de emissão de poluentes”. Após a confissão, renunciou.
Até
agora apenas os EUA sabem os modelos que receberam o software
fraudulento, em seu território: Jetta, Beetle, Audi A3 e Passat,
fabricados entre 2009 e 2015. Outros países já começarem processos para
verificar se a fraude foi perpetrada em modelos vendidos em seus
territórios.
Engenheiros
da Volkswagen declararam que a empresa adotou a loucura porque o
atendimento tecnológico das exigências ambientais nos modelos,
diminuíam-lhes o desempenho e aumentavam o consumo: uma patética
constatação de que estavam todos ébrios quando decidiram manter o
desempenho e o consumo, apostando em um promessa de crime perfeito.
A loucura industrial da Volkswagen
terá gravíssimas: os órgãos reguladores dos países afetados imporão
pesadas multas e obrigarão o recall de todos os veículos afetados para
adaptação às exigências ambientais locais.
Além
disso, a montadora deverá ser acionada judicialmente por órgãos de
defesa dos consumidores e responderá a ações coletivas de clientes.
A
Volkswagen, que viu, desde a publicação do fato, as suas ações
despencarem em 38% e seu valor de mercado diminuído em € 20 bilhões (R$
94 bilhões), já reservou € 6,5 bilhões (R$ 30,5 bilhões) para responder
às multas e ações que virão. Creio, todavia, que a reserva só dará para o
início da conversa.
O engodo da Volkswagen não
inclui o Brasil, pois os modelos com o software fraudador são todos a
diesel, não comercializados por aqui.
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