O governo do Chile cancelou na manhã desta quinta-feira (17) o alerta
de tsunami que havia sido emitido para todo o país nesta quarta-feira
(16) após o forte terremoto registrado na costa chilena. O alerta tinha
sido mantido na madrugada apenas nas regiões do Atacama e de Coquimbo,
mais próximas ao epicentro, mas foi totalmente retirado nesta manhã pelo
Escritório Nacional de Emergência do Chile (Onemi), vinculado ao
Ministério do Interior e de Segurança Pública.
Pelo menos oito pessoas morreram, há um número ainda incerto de
desaparecidos e dezenas ficaram feridas no terremoto. Mais de um milhão
de pessoas tiveram que deixar suas casas.
A magnitude do tremor foi 8,3, segundo o Serviço Geológico dos
Estados Unidos (USGS) -- o serviço sismológico chileno informou 8,4. As
autoridades locais determinaram a evacuação das áreas litorâneas,
enquanto imagens de televisão mostravam sirenes de alerta ativadas. O
terremoto de 2010, que deixou centenas de mortos no Chile, teve
magnitude 8,8.
O alerta vermelho que foi decretado pelo governo também foi reduzido
pelas autoridades, se tornando um alerta amarelo - menos nas regiões do
Atacama e de Coquimbo, no norte do país.
O porto de Coquimbo sofreu danos severos e está inoperante, informou o ministro do Interior chileno, Jorge Burgos.
A presidente chilena, Michelle Bachelet, decretou zona de catástrofe
para as províncias de Choapa, Canela, Los Vilos e para a comuna de
Coquimbo, próximas do epicentro, o que significa que as áreas estão sob
comando militar e o Estado destinará mais recursos para atender a
emergência.
Bachelet iniciou uma reunião com seus ministros às 8h desta quinta no
palácio presidencial, em Santiago para coordenar uma viagem à zona mais
afetada.
O tremor inicial foi às 19h54 (hora local, mesma de Brasília) e houve
pelo menos 11 réplicas de tremores com magnitude maior que 4,4, de
acordo com o serviço sismológico chileno. De acordo com o Centro
Nacional de Sismologia da Universidad de Chile, o sismo teve seu
epicentro localizado 36 quilômetros ao oeste da cidade de Canela e a 11
quilômetros de profundidade. O epicentro do tremor fica no mar, a 243 km
de Santiago e a pouco mais de 10 km da costa.
Na manhã desta quinta, houve uma nova réplica, de magnitude 5,3, sem potencial para gerar alerta de tsunami.
Danos e efeitos
O Onemi informou que na cidade litorânea de Coquimbo, no norte do
país, chegaram ondas de 4,5 metros, enquanto em Valparaíso, o principal
porto do Chile, a ressaca chegou perto de dois metros.
As ondulações também atingiram a Ilha de Páscoa, situada a 3.700
quilômetros do continente, e o arquipélago Juan Fernández, onde a
população que vive em áreas de risco se refugiou em pontos mais elevados
das ilhas.
Na cidade litorânea de Dichato, no sul, que foi destruída em quase
70% no terremoto de 2010, as ondas avançaram cerca de 30 metros e
causaram danos em vários estabelecimentos comerciais.
Cristian Galleguillos, prefeito de Coquimbo, no norte do país,
confirmou que vários ocupantes de um veículo estão desaparecidos depois
que fortes ondulações avançaram mais de 500 metros além da margem
litorânea.
Várias distribuidoras de energia elétrica informaram que o terremoto
provocou a interrupção do fornecimento para milhares de clientes em suas
áreas de concessão.
A companhia aérea LAN indicou que alguns de seus voos poderiam sofrer
atrasos por causa das réplicas do terremoto e anunciou que seu pessoal
está acompanhando constantemente a situação para retomar suas operações o
mais rápido possível.
O Peru, país vizinho, também emitiu alerta de tsunami nesta quarta,
que foi posteriormente cancelado. O Centro de Alerta de Tsunami do
Pacífico (PTWC) afirma que ondas de até 3 metros podem chegar até a
costa da Polinésia Francesa. O alerta também foi mantido para o Havaí.
Presidente
Bachelet anunciou que viajará nas próximas horas para a região mais
afetada pelo forte terremoto que atingiu grande parte do centro e de
norte do país. "Sabemos que há cidades onde há muitas casas que tiveram
danos importantes e queremos fazer uma avaliação precisa no terreno",
acrescentou a chefe de Estado.
Equipes das Forças Armadas e da polícia militar chilena estão
supervisionando a região afetada com o auxílio de helicópteros para
determinar a magnitude dos prejuízos causados pelo abalo sísmico, que
afetou, sobretudo, às regiões de Valparaíso, no centro, e Coquimbo, no
norte do país.
"As medidas foram tomadas muito rapidamente, o foco foi a proteção
das pessoas e o esvaziamento das áreas litorâneas", detalhou a
presidente, que acrescentou que essa decisão foi tomada devido ao risco
de tsunami.
O terremoto aconteceu às vésperas de um feriado prolongado nacional.
Sobre isso, a presidente comentou que as autoridades "avaliarão nesta
quinta a pertinência das atividades das festividades nacionais".
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