O ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (27) que, se ele for condenado na Lava
Jato, "não vale a pena ser honesto no Brasil". A declaração foi dada
durante entrevista à rádio Itatiaia, de Minas Gerais, ao ser questionado sobre
uma possível condenação em uma das ações penais que está nas mãos do juiz
federal Sérgio Moro, responsável pelos processos relativos à Operação Lava Jato
na primeira instância.
"Eu, sinceramente, se, tiver
uma decisão que não seja a minha inocência, sabe? Eu quero dizer para você que
não vale a pena ser honesto neste país. E quero dizer que não vale a pena você
ser inocente, porque ser inocente é você não dar aos acusadores o direito de
prova, então, eles ficam nervosos e vão te acusar mesmo que não tenham
provas", afirmou.
A sentença de uma das cinco ações
penais em que Lula é réu pode sair a qualquer momento. Desde o dia 21 de junho,
Moro está com os autos do processo para decidir se o ex-presidente é culpado ou
inocente. Nesse processo, Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro por ter recebido R$ 3,7 milhões em propina por conta de três contratos
entre a OAS e a Petrobras.
Segundo o MPF (Ministério Público
Federal), o pagamento foi feito por meio da reforma de um tríplex no edifício
Solaris, no Guarujá, litoral de São Paulo, e do armazenamento, entre 2011 e
2016, de presentes recebidos por Lula, da época que ele era presidente
(2003-2010).
"Desafio o Ministério
Público a provar que o apartamento é meu, que tem um documento, que tem um
centavo, que tem R$ 1, que tem um documento assinado, que tem alguma coisa no
cartório...ou seja, eu continuo desafiando o Ministério Público a apresentar
uma prova", acrescentou.
Lula também comentou a sentença
dada ontem por Moro ao ex-ministro Antônio Palocci, que foi condenado a 12 anos
de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.
"Palocci foi condenado ontem
e não tem nenhuma prova a não ser a delação. Então, fica palavra contra palavra
e a pessoa não pode ser condenada por isso", disse ao criticar a maneira
como as delações têm sido usadas pelas Justiça.
O ex-presidente acrescentou ainda
que a "delação não pode ser avacalhada" e falou que "fomos
nós que a criamos". "A delação não pode ser avacalhada. É um
instrumento sério, que fomos nós que aprovamos, nós que criamos, e não pode ser
avacalhada, de o cidadão dizer: "olha, foi fulano de tal", sem ter
nenhuma prova", disse.
A lei que instituiu a colaboração
premiada --concessão de benefícios àquele que tenha colaborado efetiva e
voluntariamente com a investigação e com o processo criminal-- foi
sancionada em agosto de 2013, pela então presidente Dilma Rousseff (PT).
(Fonte: Uol Notícias)
Nenhum comentário:
Postar um comentário