Responsável
pela defesa de Michel Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o
advogado Gustavo Guedes afirmou neste domingo (4) à reportagem que o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, "está tentando
constranger" o tribunal eleitoral a condenar o presidente.
"Temos
indicativos de que virão movimentos e iniciativas de Janot às vésperas
do julgamento do TSE na tentativa de constranger o tribunal a condenar o
presidente", afirmou o advogado. "Nos preocupa muito o procurador-geral
da República se valer de toda a estrutura que tem para tentar
constranger um tribunal superior", completou.
Segundo Guedes, há
pelo menos dois fatores que indicam o viés da atuação de Janot. O atraso
no envio das perguntas pela Polícia Federal para que Temer preste
depoimento por escrito no inquérito decorrente da delação da JBS, e as
informações que, ainda de acordo com o advogado, chegaram ao Palácio do
Planalto de que há no Ministério Público Federal novas gravações contra o
presidente a serem divulgadas nos próximos dias.
"Essas gravações
viriam a ser divulgadas entre hoje (domingo) e amanhã (segunda) na
tentativa de constranger o TSE", disse Guedes. "Isso é um aparente
armazenamento tático de gravações, ou seja, quando não se usa o material
ao ter conhecimento dele, mas só quando há interesse em utilizá-lo",
completou o advogado.
Sobre as perguntas que o ministro do STF
(Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin autorizou Temer responder por
escrito, Guedes afirmou que elas ainda não foram enviadas à defesa do
presidente e que, caso cheguem nesta segunda-feira (5), por exemplo, o
prazo de 24 h terminaria justamente na terça-feira (6), dia em que o TSE
retoma o julgamento que pode cassar a chapa Dilma-Temer.
"Seria
legítimo se a mesma agilidade em pedir que o presidente fosse ouvido se
aplicasse no envio das perguntas. Querem enviar amanhã (segunda), para
dar as 24 h na terça, às 19h, quando começa o julgamento?", questiona o
advogado.
Até o fim desta semana, o governo acreditava que havia
um cenário favorável para a absolvição da chapa no plenário do TSE, por 4
votos a 3. No entanto, após a prisão do ex-deputado e ex-assessor do
presidente Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), neste sábado (3), a avaliação
de assessores do presidente é a de que deve haver impacto político no
humor dos sete ministros que compõem a corte e, portanto, o resultado
poderia ser diferente do esperado.
De acordo com a defesa de
Temer, o suposto armazenamento de gravações novas, que viriam a público
nos próximos dias, somado ao atraso no envio das perguntas ao presidente
pode resultar na antecipação da apresentação de uma denúncia contra
ele.
Guedes diz que, apesar da piora no cenário político, a
estratégia de defesa não mudou e afirma que continuará trabalhando para
que o julgamento no TSE seja estritamente "técnico". Com informações da
Folhapress.
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