O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em 1ª instância, condenou, na manhã desta segunda-feira, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho (PT)
a doze anos, dois meses e 20 dias de prisão pelos crimes de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro. Essa é a primeira condenação do petista,
que também chefiou a Casa Civil, na operação que investiga um esquema de
corrupção na Petrobras.
A decisão foi proferida em um processo que envolve a atuação da Odebrecht em
contratos com a estatal, favorecida em troca de repasses de propina ao
PT. Além da prisão, Antonio Palocci terá que arcar com uma multa de 1,06
milhão de reais. Segundo o juiz, o esquema teria movimentado pouco mais
de dez milhões de dólares, o equivalente a cerca de 34 milhões de reais
em valores de hoje. A sentença também condenou o empresário Marcelo Odebrecht, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, os marqueteiros João Santana e Mônica Moura, ex-diretores da Petrobras e ex-executivos do grupo Odebrecht.
Na sentença, Moro ressalta que Palocci não tem antecedentes,
uma vez que ainda não foi condenado em outros processos nos quais é
acusado. O juiz ressalta, no entanto, que deve ser considerado
negativamente o fato dos valores desviados terem envolvido pagamentos de
serviços em campanhas eleitorais. “A contaminação com recursos do crime
do processo político democrático é o elemento mais reprovável do
esquema criminoso da Petrobras”, escreveu o magistrado.
De acordo com as delações do grupo Odebrecht, que o juiz
avalia terem sido corroboradas por provas, o ex-ministro interferiu nas
decisões do governo federal em favor da empresa, em troca de recursos
para as campanhas do PT. Seria ele o “Italiano”, codinome ao qual são
associados repasses de valores nas planilhas encontradas pela Polícia
Federal durante ações na empresa, nas casas e escritórios de executivos.
Nas suas alegações finais, Palocci negou as acusações e
pediu a absolvição. Ele está preso preventivamente desde setembro de
2016 e continuará detido após a condenação, mesmo que recorra da
decisão. O tempo cumprido agora será debitado da pena que lhe for
imputada ao final do processo. O ex-ministro negocia acordo de delação
premiada, com a expectativa de que possa comprometer ainda mais a
situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cujo processo
entra agora no radar de Moro, uma vez que também já foram cumpridas
todas as etapas processuais, faltando a sentença.
Nenhum comentário:
Postar um comentário