O empresário Marcelo Odebrecht prestou
nesta segunda-feira (10) o primeiro depoimento ao juiz Sergio Moro
depois de fechar delação premiada. Herdeiro do grupo Odebrecht, Marcelo
ainda reafirmou que Lula tinha o apelido de "Amigo" em suas anotações,
segundo a reportagem apurou. Ele detalhou que a empreiteira tinha uma
conta com esse codinome usada para fazer repasses vinculados ao
ex-presidente.
Entre os repasses informados por
Marcelo no depoimento estão pagamentos feitos ao Instituto Lula que
seriam usados em um prédio que abrigaria a entidade e também R$ 50
milhões direcionados à campanha de Dilma Rousseff por meio do
ex-ministro Guido Mantega.
Ele também relatou o repasse de R$ 13
milhões em espécie que teriam sido entregues ao ex-presidente. Segundo a
reportagem apurou, o empresário disse que o dinheiro saiu da conta
"Amigo" e foi pago em parcelas ao longo de 2012 e 2013. Na planilha da
Odebrecht esses pagamentos aparecem associados a "Programa B",
referência a Branislav Kontic, assessor do ex-ministro Antonio Palocci, e
está dividido em seis vezes.
A reportagem apurou que Marcelo
reafirmou que Palocci, que foi ministro nas gestões Lula e Dilma
Rousseff, era o "Italiano" apontado em planilha de repasses de propina
da empresa.
O empresário detalhou os mecanismos de
pagamento de vantagens indevidas a Palocci que, segundo ele, era o
principal interlocutor da empresa no governo Lula.
A íntegra do depoimento está sob
sigilo, assim como o acordo de delação premiada dos executivos da
empreiteira, que ainda não foi tornado público pelo STF (Supremo
Tribunal Federal).
O interrogatório fez parte da ação
contra Palocci, acusado de interceder em favor dos interesses da
empreiteira. Ele foi mencionado em planilhas apreendidas na empreiteira
que demonstram o pagamento de R$ 128 milhões em vantagens indevidas,
segundo a denúncia.
Marcelo apontou Mantega como o
sucessor de Palocci no contato com a Odebrecht, sendo ele o "Pós-Itália"
na planilha apreendida pela PF.
O advogado Nabor Bulhões, que defende Marcelo, não conversou com a imprensa sobre a audiência. Durante o interrogatório, Moro foi informado da publicação de trechos da audiência na imprensa. Ele prometeu apurar o vazamento.
O advogado Nabor Bulhões, que defende Marcelo, não conversou com a imprensa sobre a audiência. Durante o interrogatório, Moro foi informado da publicação de trechos da audiência na imprensa. Ele prometeu apurar o vazamento.
OUTRO LADO
O Instituto Lula disse que o
ex-presidente nunca pediu valor indevido à Odebrecht. "Lula não tem
nenhuma relação com qualquer planilha na qual outros possam se referir a
ele como "Amigo" (...) Por isso não lhe cabe comentar depoimento sob
sigilo de Justiça vazado seletivamente e de forma ilegal."
O advogado de Palocci, José Roberto
Batochio, não quis comentar o teor da audiência, sob o argumento de que
ela está em segredo de Justiça. Ele vem afirmando que o ex-ministro é
inocente e que "Italiano" não se refere a Palocci, mas "é um apelido em
busca de um personagem". Mantega tem negado irregularidades.
(Folhapress)
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