Brasília – A decisão do juiz Sérgio Moro de acatar a denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) não surpreendeu o petista. Mas uma preocupação prevalece entre
seus aliados: o despacho emitido hoje pela Justiça Federal de Curitiba
pode acabar com as pretensões de Lula se candidatar à presidência da
República em 2018. Ele foi denunciado por corrupção e lavagem de
dinheiro no caso do tríplex em Guarujá.
Na semana passada, o petista teria admitido a interlocutores que
dificilmente Moro perderia a oportunidade de aceitar a denúncia. Os
aliados de Lula, contudo, minimizam os rumores de que o ex-presidente
estaria mais perto de ser preso. A EXAME.com, petistas afirmaram que o
objetivo da denúncia é “impedir que Lula seja candidato ao comando do
Planalto em 2018”.
Réu na Justiça sob acusação de tentativa de obstrução da Operação Lava Jato, Lula enfrenta um cenário ainda mais desfavorável para suas perspectivas eleitorais com essa nova denúncia.
Se
for condenado por Moro em primeira instância e pelo Tribunal Regional
Federal (TRF) em segunda instância, o petista se tornará inelegível por
oito anos pela Lei da Ficha Limpa, não podendo concorrer a qualquer
cargo público até 2024.
De acordo com a Lei da Ficha Limpa,
candidatos que tenham sido condenados por um órgão colegiado são
impedidos de disputarem nova eleição ou assumir um novo mandato.
O
que preocupa tanto o PT? A ausência de um plano B para a corrida
presidencial de 2018. Membros da cúpula do partido não escondem que Lula
é a única opção. O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que seria
uma alternativa, não estaria mais nos planos da legenda em função de sua
alta rejeição na capital paulista e de suas dificuldades para conseguir
se reeleger em 2016.
Aliados do ex-presidente afirmam que decisão
de Moro pode contribuir para um resultado fraco do PT nas eleições
municipais, cujo primeiro turno acontece em duas semanas. Além de
enfraquecer o poder da legenda das urnas, o despacho de hoje pode levar
Lula a desistir dos planos de viajar pelo país para apoiar
prefeituráveis do PT na reta final da campanha.
Outras investigações
O
petista é ainda alvo de outras investigações na Lava Jato. Em uma delas
ele é suspeito de ter a posse de um sítio em Atibaia, no interior de
São Paulo, fruto de vantagens indevidas. De acordo com um laudo da
Polícia Federal, ele e sua esposa, Marisa Letícia, teriam reformado a
cozinha do sítio por meio da empreiteira OAS como resultado de suposto
pagamento de vantagens indevidas.
Outro inquérito da Lava Jato
busca destrinchar os ganhos da LILS Palestras e o Instituto Lula, que,
entre 2011 e 2014, teriam recebido R$ 30 milhões repassados, em boa
parte, por empreiteiras com participação já comprovada no âmbito da
operação.
Além disso, o principal líder do PT é acusado de
participar do esquema para comprar por R$ 250 mil o silêncio do
ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró nas
investigações da Lava Jato.
Ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff
(PT), Lula teria obstruído a Justiça. Em agosto, o ministro do Supremo
Tribunal Federal Teori Zavascki determinou a abertura de inquérito para
investigar Dilma, Lula e os ex-ministros Aloizio Mercadante e José
Eduardo Cardozo por crime de obstrução da Justiça.
O pedido de
abertura do inquérito, feito pela Procuradoria Geral da República, cita
como fatos suspeitos a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil e a
nomeação do ministro Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça
(STJ) por Dilma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário