Em reunião ontem à noite (24) o vice-presidente
Michel Temer (PMDB) comunicou à presidente Dilma que deixava a
articulação política do governo, mas continuaria a ajudar o Planalto na
macro política. Entenda-se “continuaria a ajudar o Planalto na macro
política” como nada.
Embora isso não signifique
rompimento, Michel Temer selou ontem o seu afastamento do governo, pois
diante do crescimento da sua estatura na crise, o núcleo palaciano, em
um péssimo erro de avaliação eventual, já conspirava para isolá-lo.
Ontem, aliás, o governo cometeu outro erro
de forma, ao anunciar que “cortará 10 dos 39 ministérios ate o final de
setembro”. Essas coisas não se anunciam: fazem-se rápido.
Uma
notícia que poderia ser uma agenda positivo para o Planalto, comunicada
de forma vaga e sem data definida, dá tutano ao estresse da base que,
naturalmente, começa a se engalfinhar em busca de realinhamento
espacial.
Voltando a Temer, o
pomo da discórdia iniciou há duas semanas, quando ele cometeu o ato
falho de pensar alto e sugerir que o Brasil “precisava de uma liderança
que o unisse”.
Ao ver a vaidade da presidente
ferida, os áulicos que adoram jogar Merthiolate em ferida,
derramaram-lhe todo o vidro sobre o ego, a ponto de Dilma cobrar
explicações de Temer, que, para não potencializar a crise nos domínios
palacianos, explicou, mas anotou a investida na coluna de mágoas.
Não bastando, na quarta-feira passada
(19), na negociação que Temer fazia com o Congresso em uma das votações
do ajuste fiscal, no que intramuros se chamou de “batalha da
reoneração”, o ministro da Fazenda, que destarte seja um ótimo técnico
não tem cintura, voltou à puberdade e, diante dos argumentos de Temer
para tirar o setor de transportes da reoneração, o que colocaria o
projeto de lei no ponto de votação, respondeu que se “fosse para fazer mais concessões, melhor seria perder tudo de uma vez”.
O vice-presidente, geralmente diplomático ao extremo, respondeu na mesma pisada: “Entendi a sua posição. O governo perde, o governo cai, e nós vamos embora de uma vez”.
A
frase foi o último selo de Temer na articulação política que ele
começou e, de fato, ajudou sobremaneira o governo na tempestade que
atravessa.
Os conselheiros da presidente ainda
não quiseram enxergar que quando a batalha é dura todos os guerreiros
são necessários e, mais do que nunca, se faz necessário que alguém sirva
chá de erva-cidreira e caldo de galinha no Planalto Central do Brasil.
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