Apesar da condenação unânime
de seu maior líder, o PT manterá o discurso público de que não há plano
B do partido para a corrida à Presidência. Nos bastidores, após o
impacto dos votos dos desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª
Região (TRF4), a visão é de que a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva poderá ser derrubada com antecedência, o que forçaria a escolha de um outro nome para a disputa.
Os
preferidos da sigla são o ex-governador baiano Jaques Wagner e o
ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad – que ocuparam ministérios nos
governos petistas. Embora tenham evitado holofotes em Porto Alegre nos
últimos dias – para desviar especulações antecipadas –, eles devem
começar a aparecer com maior frequência ao lado do ex-presidente.
Além
das dificuldades que Lula terá no horizonte político nos próximos
meses, o aumento dos obstáculos à sua candidatura trará impactos na
busca de alianças, levando a menor tempo no horário eleitoral e redução
de palanques estaduais. Legendas tradicionais do campo da esquerda, como
PDT e PC do B, lançaram nomes para a disputa presidencial. Rede e PSB,
que podem sofrer investidas, estão distantes dos petistas no momento.
Aliados
e críticos do ex-presidente ainda avaliam que sua força para transferir
votos – apontada como responsável pelas eleições da ex-presidente Dilma
Rousseff e de
Haddad – diminui com o desgaste da confirmação da condenação.
Haddad – diminui com o desgaste da confirmação da condenação.
Na avaliação de líderes do PDT, o nome de Ciro Gomes
cresceria em um ambiente sem Lula, mesmo que o PT aposte em novo
candidato. O fato de ter sua base eleitoral no Nordeste e de ser
lembrado por políticas sociais desenvolvidas durante os governos
petistas poderiam beneficiar o trabalhista.
—
A transferência de votos de Lula é muito grande, mas ele sai
fragilizado, e o PT mais ainda — opina o deputado federal André
Figueiredo (PDT-CE).
O PC do B, que lançou a deputada gaúcha Manuela D’Ávila como pré-candidata
à Presidência, defende a manutenção de Lula na urna em 7 de outubro. No
entanto, começa a projetar estratégias para outros cenários – a
possibilidade de impugnação poderá levar a sigla a reforçar a intenção
de manter a cabeça de chapa.
—
É natural que fatos como esse dificultem a disputa política do PT —
analisa a presidente nacional do PC do B, Luciana Santos, que ainda
deixa em aberto a chance de apoiar Lula no primeiro ou no segundo turno.
O momento de alçar novo concorrente
A Rede vê com cautela o atual cenário, mas projeta que a candidatura de Marina Silva
irá crescer em eventual ausência do ex-presidente na disputa. As
chances de uma aliança entre a legenda e o PT estão descartadas no
entendimento do deputado federal Miro Teixeira (Rede-RJ):
— Não existe essa conjectura. Sem dúvida, o PT terá um candidato.
Para
o presidente do DEM, José Agripino Maia, a eventual impossibilidade de
Lula manter sua candidatura alteraria significativamente o quadro
eleitoral, hoje polarizado,
segundo ele, entre extrema-esquerda e extrema-direita:
segundo ele, entre extrema-esquerda e extrema-direita:
— Você elimina a polarização extrema. Passa a ter candidatos que agora serão observados.
O
momento em que um novo nome poderia ser alçado à condição de
presidenciável será mais um dilema a ser encarado pelo PT. A leitura é a
de que a manutenção do ex-presidente, mesmo com o risco de ter a
candidatura barrada, poderia estimular eleitores anti-Lula a se
aproximarem cada vez mais da extrema-direita.
Principal
nome em oposição ao petista, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ)
assiste ao caso à distância. Para pessoas próximas ao parlamentar, ele
não seria atingido pela saída ou manutenção de Lula no páreo.
Nas redes sociais, o pré-candidato – que trocará o PSC pelo PSL em março
– comemorou o resultado do julgamento, postando foto sua em frente a
uma TV que transmitia o julgamento e mostrava a frase “Relator aumenta a
pena de Lula para 12 anos e um mês”.
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