Medida aprovada pelo COI permite que modalidades sejam realizadas em mais de uma cidade ou até país
Por: O Globo
Mônaco - O Comitê Olímpico Internacional aprovou
nesta segunda-feira a primeira de uma série de medidas que juntas devem
representar a maior mudança do COI em décadas. A medida já aprovada diz
respeito a um novo processo de candidatura olímpica para cidades-sede
que promete deixar o sistema mais flexível e econômico. Serão aceitas
candidaturas de mais de uma cidade ou até mais de um país. O COI ainda
deve votar, até esta terça-feira, um programa olímpico mais flexível,
com a possibilidade de mais esportes por edição, além da criação de um
canal de televisão olímpico.
A mudança mais radical aprovada pelo COI, por unanimidade, propõe que
as candidatas a sede possam apresentar um projeto que utilize
instalações em mais de uma cidade ou país, tanto para as olimpíadas de
verão como de inverno. A nova proposta pretende diminuir custos e evitar
gastos desnecessários, reaproveitando instalações já existentes. Com o
novo sistema as candidatas a sede poderão expor seus planos ao COI antes
da escolha, adaptando os Jogos às suas possibilidades e a um gasto
razoável. A votação acontece em um momento em que os altos custos para
sediar as Olimpíadas vêm diminuindo a quantidade de candidatas a sede,
para as Olimpíadas de Inverno de 2022 só Pequim e Almaty, no
Cazaquistão, concorrem.
Alguns membros do COI se mostraram preocupados com a mudança,
destacando que acabaria com a proposta de Jogos compactos e exigiria
viagens e desgaste a mais para os atletas.
'Me preocupa que o caráter único dos Jogos poderia diminuir com a
possibilidade de permitir a dispersão de algumas provas por vários
lugares de um mesmo país, ou até um país vizinho', destacou o delegado
suíço Denis Oswald.
O vice-presidente da organização, John Coates, que liderou os debates
sobre a questão das candidaturas, disse que as provas em outro país só
se realizariam em "circunstâncias excepcionais" e que a proposta deverá
ser apresentada na fase inicial da candidatura e aprovada pelo COI.
'O custo e o tempo que os atletas levarão para ir da vila olímpica
para suas sedes sempre será relevante, mas o compacto dos jogos deve se
balancear com o benefício e o custo de se poder utilizar sedes
existentes ao invés de construir novas', disse Coates.
Uma das propostas em pauta nos dois dias indica que o COI deve abolir
o limite de 28 esportes para os jogos de verão e passar para um sistema
que permitirá incluir novas modalidades, com a possibilidade da entrada
do beisebol e do softbol nos jogos de Tóquio 2020. Segundo o membro do
grupo de trabalho da composição do programa olímpico, Franco Carraro, o
número de modalidades por edição poderia aumentar para 29 ou 30, com uma
modalidade ou prova nova convidada para participar de uma edição.
'Isso é um grande passo para a organização dos Jogos Olímpicos', comemorou o presidente do COI, Thomas Bach.
O COI também sinalizou que deve reformular a cláusula sobre
discriminação de seu estatuto, para incluir a orientação sexual, depois
das polêmicas dos jogos de Sochi. A nova cláusula diz que os jogos devem
estar livres de discriminação "de qualquer classe, como por raça, cor,
sexo, orientação sexual, idioma, religião, opinião política ou de outra
classe, origem nacional ou social, propriedade, nascimento ou outra
condição". A criação de um canal de televisão olímpico também será
votada, possivelmente já para 2015, com arquivos do COI e torneios de
esportes olímpicos na programação.
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