Newton Ishii, que nos picadeiros da Lava Jato
afamou-se como “Japonês da Federal”, virou um signo do combate à
corrupção, pois, nos 18 primeiros capítulos da novela, lá estava ele
conduzindo os figurões da República ao calabouço.
Mas
por que Ishii sumiu de cena a partir do 19º episódio? Porque, destarte a
grande imprensa tenha tentado esconder o pé do pavão, descobriu-se que o
santo era de pau oco: o símbolo do combate à corrupção era um
condenado, em primeira e segunda instância, por corrupção (...).
Em
março de 2003, na primeira grande operação da PF, a Operação Sucuri,
Newton Ishii e mais 22 agentes foram presos, em Foz do Iguaçu, por
fazerem parte de um esquema de facilitação de contrabando na fronteira
com o Paraguai.
Segundo o delegado Reinaldo de
Almeida César, da PF, Ishii compunha um esquema que permitia passar, sem
fiscalização, na fronteira “determinados veículos”, que contrabandeavam
para o Brasil cerca de US$ 30 mil a US$ 40 mil diários.
As
acusações restaram provadas e, em 2009, Ishii e mais 19 agentes da PF
foram condenados, em primeira instância, a penas que chegam a 8 anos de
prisão.
Os condenados recorreram ao Tribunal
Regional Federal da 4ª Região que, em 2013, ratificou a condenação,
modificando a modalidade de corrupção.
A partir
de 17.02.2016, quando o STF decidiu que um réu condenado na segunda
instância da Justiça comece a cumprir a pena, ainda que esteja
recorrendo aos tribunais superiores, o “Japonês da Federal” já deveria
estar recolhido, mas ainda continua solto, pois, com a superlotação dos
presídios, só arrumaram uma vaga para o Luiz Estevão.
Ontem
(14), o herói sansei nacional, sofreu mais uma desdita: o ministro
Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça manteve-lhe a condenação,
restando-lhe agora o recurso ao pleno do Tribunal, o que não elide a
incidência do já referido acórdão do STF que o manda à prisão.
Só
resta agora a essa espécie de Macunaíma fardado, dar ordem de prisão a
si mesmo. Ou, talvez, na nossa moral bipolar, fazermos uma passeata para
conceder-lhe o perdão judicial, com o bordão de que corrupto que prende
corrupto não merece castigo.
Ainda, temos que
começar a aprender a escolher melhor os nossos heróis, pois a maioria
morreu de overdose, está condenada ou em vias de ser, já foi conduzida
coercitivamente ou comprou apartamento em Miami com firma offshore de
fachada para fugir de impostos.
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