No esperado depoimento de ontem (01) ao TSE, na ação
que investiga abuso de poder político e econômico na campanha que elegeu
a chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014, o
ex-presidente do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, confirmou os termos
da delação premiada, vazada em dezembro de 2016, de que ele teria se
encontrado com o presidente Michel Temer “durante tratativas para a
campanha eleitoral de 2014”.
Odebrecht afirmou,
todavia, que não foi acertado, em nenhum dos encontros, valores de
doações, pois o então vice-presidente Temer não chegou a fazer “um
pedido direto”.
Segundo Odebrecht, as tratativas
de valores foram feitas entre o atual ministro da Casa Civil, Eliseu
Padilha, e o executivo da empresa, Cláudio Melo. Odebrecht admitiu que
“parte dos pagamentos pode ter sido feita via caixa 2”.
Odebrecht
também confirmou que fez pagamentos diretos ao marqueteiro do PT, João
Santana, no exterior, fato que já havia sido relatado pelo próprio
Santana, em delação.
É exatamente a delação de Cláudio Melo nesse especifico evento que fez Eliseu Padilha subir no telhado e enfrentar a frente fria que lhe pode apear do Planalto.
É
que Melo afirmou que Marcelo determinou uma contribuição de R$ 10
milhões ao PMDB, que teriam sido divididos em R$ 6 milhões para a
campanha do candidato do PMDB ao governo de S. Paulo, Paulo Skaf e os
outros R$ 4 milhões teriam sido destinados à campanha presidencial via
Eliseu Padilha.
Afirmou Melo que parte desses R$ 4
milhões teria sido entregue no escritório do advogado José Yunes, a
pedido de Padilha. Yunes, por sua vez, ao ser confrontado com a
informação, declarou ter recebido um "pacote" em 2014, em seu escritório
político em São Paulo, entregue por Lucio Funaro, a pedido de Padilha, e
que, no episódio, teria servido de "mula involuntária" de Padilha.
Ao
ser perguntado se os R$ 10 milhões foram efetivamente repassados,
Odebrecht declarou que determinou o repasse, mas “depois soube que o
valor doado foi bem menor”.
Não ficou claro se
Odebrecht quis insinuar que os R$ 10 milhões saíram do caixa de empresa,
mas não chegaram integralmente aos donatários, ou se efetivamente houve
um desembolso a menor.
É fato que o depoimento
de Odebrecht, colimado com o que já há nos autos da investigação,
complica sobremaneira a resistência da chapa, uma vez robustos os
indícios de abuso de poder político e econômico, como, aliás, ocorre em
todas as campanhas que manejam as engrenagens do Poder.
Todavia,
processualmente, em fechando o tempo, é possível empurrar o deslinde
final do feito até 2018, quando se fina o mandato de Temer.
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