Maria do Socorro Costa Silva, a Socorro do Bujaruba (foto: Cainquiama/Facebook) |
Do site Amazônia Real
Três
mulheres estão ameaçadas de morte em Barcarena, no nordeste do Pará.
Duas Marias e uma Ludmilla. Mulheres pobres, negras, ribeirinhas. Estão
intimidadas, perseguidas e atemorizadas porque denunciaram a
contaminação dos mananciais por resíduos sólidos da produção de bauxita
da maior mineradora do mundo, a Hydro Alunorte. Em meio a tanta
riqueza de alumina, a cidade não tem saneamento básico, água potável e
sobram impactos ambientais e desigualdade social para todos os cantos
desta porção da Amazônia Oriental.
As três mulheres ameaçadas participaram das mesmas manifestações que se intensificaram em fevereiro passado, quando lagos e poços artesianos de comunidades de Barcarena, a 40 quilômetros de Belém, foram atingidos pela lama vermelha despejada nos igarapés Bom Futuro, Burajuba e nos rios Murucupi, Tauá e Pará. O Instituto Evandro Chagas confirmou a contaminação hídrica. A denúncia teve repercussão internacional.
As três mulheres ameaçadas participaram das mesmas manifestações que se intensificaram em fevereiro passado, quando lagos e poços artesianos de comunidades de Barcarena, a 40 quilômetros de Belém, foram atingidos pela lama vermelha despejada nos igarapés Bom Futuro, Burajuba e nos rios Murucupi, Tauá e Pará. O Instituto Evandro Chagas confirmou a contaminação hídrica. A denúncia teve repercussão internacional.
A empresa multinacional norueguesa Hydro nega o vazamento de resíduos nos dias 16 e 17 do mês passado, mas pediu desculpas às comunidades de Barcarena por descartar água de chuva não tratada no rio Pará.
Maria
do Socorro Costa Silva é presidente da Associação dos Caboclos,
Indígenas e Quilombolas da Amazônia (Cainquiama) e moradora da
comunidade de remanescentes quilombolas do Burajuba. Sua casa foi
invadida por policiais militares em abril de 2016. Daí as ameaças não
deram trégua.
“Sofro
ameaças constantemente. Não sei o nome de ninguém, mas eles sabem quem
eu sou. Sou ameaçada sempre porque nós denunciamos uma multinacional.
Nós dissemos onde estavam as coisas erradas e provamos. A gente está
botando a imagem dela [da Hydro] no chão”, afirma.
Ludmilla
Machado de Oliveira, também da Cainquiama, acordou com o barulho de
pedras contra as janelas de sua casa na comunidade quilombola Burajuba
por volta das 3h da manhã do último domingo (18). Ela e a família não
foram alvejadas porque dormiam, mas todos fugiram para Vila dos Cabanos,
no centro de Barcarena. “Fico preocupada com a minha segurança, mas
também com a da minha família. Se acontecer algo comigo, como é que eles
ficam?”, questiona.
A
terceira mulher ameaçada é Maria Salestiana Cardoso, 69, moradora da
comunidade do Bom Futuro, que fica a 100 metros da bacia de rejeitos
sólidos da mineradora Hydro, a DRS-2, que é alvo de investigação por
poluição ambiental.
“Onde
eu estou vejo um carro prateado, uma 4X4 prateada. Mas eu não tenho
medo, eu não vou me calar, vou continuar denunciando o que acontece em
Barcarena”, diz Maria Salestiana.
Em
janeiro deste ano, o promotor Armando Brasil Teixeira pediu à
Secretaria de Segurança “garantia de vida aos representantes da
associação, considerando os fatos envolvendo suposta prática de crimes
militares por policiais” às lideranças da Cainqueama, mas o pedido foi
rejeitado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado do Pará
(Segup). Para mulheres pobres, negras e ribeirinhas não há segurança.
Leia mais aqui.
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