O isolamento político e administrativo
a que o governador Simão Jatene relegou tanto o vice-governador
Zequinha Marinho como a sua legenda, o Partido Socialista Cristão (PSC),
foram determinantes para o vice decidir permanecer no cargo até 1º de
janeiro de 2019, e também concorrerá ao Senado Federal.
A decisão fere de morte a
estratégia política do governador que desejava uma renúncia conjunta
sua e de Zequinha e a consequente subida ao governo do presidente da
Assembleia Legislativa Márcio Miranda, o segundo na linha sucessória,
que concorreria ao governo com a decisiva ajuda da máquina estadual.
“É a nossa posição final e
definitiva sobre esse assunto: não vamos renunciar. É irrevogável”,
assegurou. Em coletiva na tarde de ontem (22), na sede da
vice-governadoria, Marinho disse que está respaldado pelos 11 membros da
executiva estadual e nacional do PSC e pela sua base partidária em todo
o Estado. “Eu e o governador sempre nos respeitamos, mas o prejuízo do
partido foi muito desagradável, deselegante...”, se referindo ao seu
isolamento no governo nos últimos 4 anos.
Ele relatou que, após
tomar posse, Simão Jatene lhe comunicou que queria “governar com seu
time” porque não queria prestar conta aos demais partidos da sua base
sobre o que deveria ou não fazer em caso de troca de cargos. “Isso
ocorreu não apenas com o PSC, mas com outros partidos da coalizão que
ajudaram a eleger o governador, que ficaram descobertos.”
CARGUINHOS
Os únicos espaços que
Simão Jatene deu ao PSC, segundo o vice-governador, foram “dois
carguinhos muito pequenos no interior do Estado. Só. Um no Detran do
interior e outro numa unidade regional da Seduc. Não participamos do
governo”, afirmou Zequinha, que se considera um vice “decorativo”.
Marinho disse que se
coloca no lugar das lideranças do PSC, que se empenharam em eleger Simão
Jatene, mas que ficaram a ver navios nos últimos 4 anos. Com certa
mágoa, lembrou que o vice-governador foi importante na construção e na
decisão da eleição, foi esquecido e só agora, quatro anos depois de
vazio político e administrativo, por interesse político do governador, é
procurado novamente.
Lembrou que bancou
sozinho a coligação com o PSDB em 2014 e que o governador, na época dos
acordos, garantiu espaço ao PSC no governo. “Durante dois anos e meio,
fiquei dando satisfações às nossas lideranças sobre o porquê de não
termos espaços no governo. Isso é muito ruim porque assumimos uma
posição sozinhos e tivemos de pagar o preço sozinhos também.”
Zequinha disse que o PSC
têm alternativas e que essas serão construídas. Garantiu que o PSC fará
prévias em abril e maio para discutir que candidaturas a legenda vai
apoiar. “Vamos ouvir todos os que querem nosso apoio e decidir
conjuntamente.”
Acuado, governador joga a toalha e diz que vai ficar até o fim do mandato
Estratégia política Simão Jatene e Márcio Miranda não deu certo (Foto: Rodolfo Oliveira / Agência Pará)
Antes da coletiva
do vice, pela manhã, em solenidade realizada no Hangar, o governador
Simão Jatene jogava a toalha e anunciava publicamente que ficará no
cargo até o fim do seu mandato. “Uma renúncia a esta altura do
campeonato causaria muitas especulações e dúvidas no eleitor que não
entende o processo político mais complexo. Seria um corte político que
não teríamos como explicar para nossos eleitores”, justificou, sem
muitas explicações.
Na realidade,
Jatene propôs a Zequinha Marinho que este concorresse ao Senado como
segunda opção na chapa governista, tendo o próprio governador como
candidato principal, como moeda de troca para sua renúncia. Segundo
Marinho, isso também foi descartado, pois ele diz que o que faz um
candidato é a “máquina”. Ele lembrou da primeira candidatura de Simão
Jatene ao governo. “Na pesquisa, aparecia apenas um traço e nós, com
muita dificuldade, conseguimos levá-lo ao Governo."
(Luiz Flávio/Diário do Pará)
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