Uma das figuras mais comentadas do carnaval carioca, o
vampiro-presidente da Paraíso do Tuiuti, vice-campeã do Grupo Especial,
desfilou sem a faixa presidencial neste sábado. Segundo informações do
barracão da escola, emissários da presidência da República pediram à
Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) que impedisse a entrada
do destaque. Questionado, o professor de História Léo Moraes, de 40
anos, disse que não tinha recebido essa informação, e que desfilaria com
a faixa. Logo depois ele afirmou que perdeu o adereço no fim da
apresentação de domingo. A reportagem do GLOBO, no entanto, viu o
momento que o professor entregou a faixa para um funcionário da escola
guardar dentro de um carro.
- Ele (o vampiro) representa um
sistema. Isso que está acontecendo no Rio de Janeiro hoje, para qualquer
um que tenha um conhecimento de história, é preocupante. A gente fica
até com medo de se manifestar. Eu espero que isso não seja um grande
retrocesso - disse o professor.
O carnavalesco Jack Vasconcelos disse que não teria como negar ou confirmar a informação:
-
Para ser muito sincero eu passei o dia isolado. Acabei de chegar aqui.
Não posso confirmar ou negar essa informação, pois seria leviano -
disse.
Mais cedo, o diretor da escola Thiago Monteiro disse que
Léo Moraes havia sofrido um mal-estar, mas que a participação dele no
desfile estava garantida.
Muito integrantes da escola lamentaram o fato de o personagem entrar na Avenida sem o adereço:
- Uma pena não terem peito de deixar ele usar a faixa presidencial.
Ao
fim da apresentação, o professor de história recebeu a orientação de se
descaracterizar rapidamente. Ainda mesmo na dispersão ele retirou a
maquiagem e a roupa de vampiro. De acordo com fontes da escola, até duas
horas antes do desfile a informação era de que professor não
desfilaria, mas depois resolveram que ele entraria na Avenida, mas sem a
faixa.
A Tuiuti caiu nas graças da internet e foi destaque até na
imprensa internacional ao levar para a Avenida o enredo "Meu Deus, meu
Deus, está extinta a escravidão?", com uma crítica social ao racismo e a
exclusão social. Na parte final do desfile, a agremiação trouxe uma
sátira política e criticou a Reforma Trabalhista e da Previdência. O
GLOBO tentou entrar em contato com a assessoria de imprensa da
Secretaria-Geral da Presidência da República, mas não obteve resposta.
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